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Cuiaba - MT / 28 de maio de 2025 - 19:22

Usamos só 10% do cérebro? O que a ciência diz sobre isso

Por décadas, circula a ideia de que só usamos 10% do cérebro. A frase já foi dita em filmes, livros de autoajuda e até em salas de aula. Mas será que ela tem base científica?

A resposta curta é: não. E a resposta longa envolve entender como funciona o cérebro humano, o papel das diferentes áreas cerebrais e por que esse mito ainda persiste mesmo com os avanços da neurociência.

A origem exata do mito é difícil de rastrear. Alguns atribuem a frase ao psicólogo William James, no início do século 20, embora ele nunca tenha dito isso com todas as letras. Outros apontam para uma má interpretação de estudos sobre o potencial humano ou até uma jogada de marketing para vender cursos de desenvolvimento mental.

O fato é que, com o tempo, a teoria de que usamos apenas 10% do cérebro ganhou popularidade e virou senso comum. Mas precisa ser desmistificada.

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Mito dos 10%: o que a ciência explica sobre o uso do cérebro?

Exames modernos de neuroimagem, como a ressonância magnética funcional, nos permitem observar em tempo real que quase todas as partes do cérebro têm alguma função que é ativada ao longo do dia – seja para falar, andar, lembrar, sentir, tomar decisões ou simplesmente respirar.

O córtex pré-frontal, por exemplo, está ligado ao planejamento e ao pensamento abstrato. O lobo occipital processa informações visuais. O cerebelo ajuda na coordenação motora.

Até o chamado “cérebro reptiliano”, responsável por funções básicas como batimentos cardíacos e respiração, está sempre ativo. Em outras palavras, não existe uma área “adormecida” esperando ser desbloqueada com algum tipo de treinamento milagroso.

Mesmo assim, o mito persiste, em parte porque ele vende bem. A ideia de que temos um grande potencial inexplorado é atraente.

Hollywood aproveitou isso em filmes como Lucy e Sem Limites, onde personagens desenvolvem habilidades extraordinárias ao supostamente acessar 100% do cérebro. A verdade é que não há evidência de que usar “mais” do cérebro nos tornaria super-humanos. Afinal, nosso cérebro já trabalha de forma bastante eficiente e integrada.

Afinal, quanto usamos do cérebro no dia-a-dia?

Praticamente tudo, só que em diferentes momentos e maneiras. Não é possível, nem desejável ativar todas as áreas do cérebro ao mesmo tempo.

O cérebro humano é altamente organizado e funciona de maneira eficiente justamente porque variadas regiões são ativadas conforme a necessidade da tarefa realizada. Ativar tudo de uma vez seria como ligar todos os aparelhos de uma casa ao mesmo tempo: geraria uma sobrecarga.

Não há uma “reserva escondida” esperando para ser ativada, mas há, sim, muito o que aprender sobre como estimular o cérebro de maneira eficaz, com práticas regulares e realistas. Mais do que desbloquear supostos 90% inativos, o desafio é usar bem o que já está ativo.

Nesse sentido, é importante desmistificar ideias como essa sobre a mente humana, especialmente em tempos em que o QI médio do brasileiro está em queda e a atenção fragmentada por excesso de estímulos digitais.

Ilustração de um cérebro sendo machucado por um celular. Mostrando que passar muito tempo em frente às telas faz mal para o desenvolvimento cerebral.Passar muito tempo em frente às telas faz mal para o desenvolvimento cerebral. É necessário ter hábitos saudáveis e superar o mito dos 10% de uso do cérebro. (Foto: Foto: Gaspar-Uhas | Unsplash)

Para reverter esse cenário, estudos mostram que hábitos como leitura de qualidade e estímulos frequentes ajudam a manter o cérebro saudável e ativo, contribuindo para funções cognitivas importantes.

Para quem se interessa por curiosidades sobre o cérebro e suas aplicações, a Gazeta do Povo também discute os impactos da neurotecnologia em áreas como ficção científica e ética, como mostra esta reportagem sobre o futuro da mente.

noticia por : Gazeta do Povo

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Cuiaba - MT / 28 de maio de 2025 - 19:22

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