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Cuiaba - MT / 16 de maio de 2025 - 19:01

Um gorila contra 100 homens: quem venceria?

Caro leitor,

Imagine um gorila lutando contra 100 homens. Homens desarmados, claro. (…) Imaginou? Pois então. Quem vence essa disputa? O desafio de imaginação foi proposto pela primeira vez em 2020, em algum fórum obscuro da Internet, mas por algum motivo voltou à baila nos últimos dias, com direito a simulação com o uso da inteligência artificial e tudo. (Por falar nisso, me ocorre perguntar agora: você tem pensado muito no Império Romano?).

Na simulação que vi, o gorilão aparece descendo o cacete nos homens e os inutilizando um a um. Mas parece que na vida real não seria bem assim. A Internet está cheia de professores de biologia aproveitando a popularidade da questão divertidamente inútil para explicar que os 100 homens, mesmo desarmados, venceriam facilmente o gorila por causa da nossa inteligência.

(Se bem que é fácil, muito fácil, fácil demais, fácil pra baralho duvidar da inteligência de alguém que se dispõe a, mesmo que apenas em imaginação, enfrentar um gorila no braço. Vá ler um livro, seu maluco!).

Saudade do terraplanismo…

A rinha de primatas superiores me lembrou de outros dilemas morais e exercícios de imaginação que me fascinam. Como aquele de você poder voltar no tempo e matar o bebê Hitler. O que você faria? Tem também aquele outro clássico, do bonde que, por decisão sua, pode matar uma ou cinco pessoas amarradas nos trilhos. E tem ainda o velho e bom terraplanismo, que faz tempo que não dá as caras nas discussões por aí. Anda sumido…

Para a audiência rotativa, vou repetir aqui o que já disse sobre o terraplanismo e o que tenho dito sobre o mapa do IBGE que mostra o Brasil no centro do mundo – e de ponta-cabeça. Essa ideia do jênio Márcio Pochmann. Dois pontos: se for para estimular a imaginação, a capacidade de argumentação e até de autocontra-argumentação (que palavra horrível!) das pessoas, ótimo. O problema é que não é para nada disso. É pura ideologia, espírito revolucionário e a arrogância de se achar mais esperto do que os outros.

Suscetibilidades

De volta à questão do gorila, a Internet está cheia de respostas que levam em conta a biologia, mas prefiro pensar que o exercício mental suscita a ideia persistente de que, por sermos também animais, somos facilmente comparáveis a outros animais – em atributos animalescos, claro. Nesse caso, nossa inferioridade e fragilidade diante das forças da natureza ficam evidentes. Além disso, a batalha hipotética me fez pensar na ideia (também persistente) de que há algo de instintivamente nobre e até naturalmente superior no uso da força contra a inteligência. Não que eu concorde com isso. Mas é assim que muita gente vê as coisas. Basta ver no que se transformou a política.

Este, porém, sou eu ocupando o seu dia com essas questões que não levam a lugar nenhum, embora ironicamente seja a capacidade de imaginar, de ponderar e de conversar sobre coisas inúteis como essas o que nos diferencia dos gorilas e dos ministros do STF. Uma capacidade que estamos perdendo. Tanto que, quando disse a amigos que escreveria sobre este assunto, fui alertado. Ao que tudo indica, hoje em dia a mera menção a um gorila pode ferir suscetibilidades.

Sendo assim, me despeço com um urro seguido por socos no peito e um abraço do
Paulo

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noticia por : Gazeta do Povo

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Cuiaba - MT / 16 de maio de 2025 - 19:01

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