A brecha é proposital. Até um tapete persa sabe ser obrigatório, no direito internacional, a apresentação de acusação detalhada e calcada num mínimo de prova. Ao deixar a acusação aberta fica a brecha para a soltura imediata da jornalista por um juiz iraniano.
Entregue esse peão do xadrez iraniano, caberá à Itália expulsar Abedini do seu território, sem processo judicial. A expulsão é ato administrativo.
O terceiro jogador é o complicador. Quer a extradição sem concessão de prisão domiciliar durante a sua tramitação. Para piorar, os EUA lembram a Itália não haver esquecido a concessão de prisão domiciliar ao extraditando Athen Uss, um traficante russo de armas. Claro, Uss fugiu e não mais foi encontrado
Para a Itália convém a expulsão, mas a cooperação mantida na área tecnológica com os EUA irá para o espaço sideral.
Os aiatolás já ofereceram o peão, caminho para a soltura da jornalista. E o xeque mate é uma expressão persa com significado de “rendição do rei”. A propósito, o Irã já ofereceu à embaixadora italiana uma relação curta de nomes de advogados de defesa admitidos a atuar em casos envolvendo estrangeiros.
Uma cortesia a mais dos aiatolás, a embaixadora italiana Paola Amadei pôde encaminhar à jornalista Sala um pacote com produtos de higiene pessoal, um panetone e uma máscara de dormir, pois as luzes da cela, sem janela, nunca se apagam.
noticia por : UOL