“Donkey Kong Country Returns HD” recupera um título importante para a história do carismático gorilão da Nintendo. Seu lançamento, porém, representa mais a decadência da franquia do que uma verdadeira homenagem a essa importante figura da história dos videogames.
Com o anúncio do Switch 2, o Switch deve se tornar o único console da Nintendo a não receber um título original do personagem. O game lançado no último dia 16 —mesma data do anúncio do Switch 2— é uma reedição de “Donkey Kong Country Returns”, desenvolvido inicialmente para o Wii, e guarda semelhanças com o momento atual do personagem.
Quando foi lançado em 2010, o jogo representou um aguardado retorno à época de ouro da franquia. Depois de 14 anos, Donkey Kong voltava a protagonizar um jogo de plataforma 2D, gênero que o elevou ao status de estrela de primeira linha da Nintendo nos anos 1990.
A mudança de patamar foi resultado do sucesso da trilogia “Donkey Kong Country”, desenvolvida pela Rare e lançada para o Super Nintendo de 1994 a 1996. Após a compra da desenvolvedora britânica pela Microsoft, a missão de recuperar a série “Donkey Kong Country” foi incumbida ao Retro Studios, responsável pelos elogiados jogos da série “Metroid Prime“.
Com um forte apelo à nostalgia, o título fez considerável sucesso por captar a essência da série original ao mesmo tempo em que atualizava os gráficos para a era dos jogos 3D. Ainda assim, o game não alcançou o mesmo nível de seus antecessores em termos de qualidade e inovação.
Hoje, 15 anos depois, a versão do jogo para Switch parece perdida no tempo. Com os clássicos da franquia disponíveis no console, o saudosismo de voltar a jogar “Donkey Kong” não se mostra suficiente para mascarar os problemas em relação aos controles, diversidade das fases e dificuldade.
Com 80 fases —incluindo as oito criadas para a versão de 3DS—, o jogo deixa transparecer uma menor diversidade de inimigos e desafios do que os títulos originais da série. As tentativas de renovar a experiência existem, um exemplo são as clássicas fases com carrinhos de mina, mas, ao longo do jogo, é possível ver as mesmas ideias se repetindo ou sendo recauchutadas.
O resultado é que poucas vezes o jogo consegue surpreender com novos e excitantes desafios. Ao invés de parecer um presente, cada fase aberta é sentida como mais um obstáculo que o jogador precisa transpor para seguir em frente e chegar até os chefões —esses sim, mais interessantes.
Parte desse sentimento pode ser atribuído também ao frustrante esquema de controles do game.
“Donkey Kong Country Returns HD” deixa de lado o criticado esquema de controles do Wii, que obrigava o jogador a balançar o Wii Remote para realizar alguns comandos. No entanto, foi mantida a versão do 3DS, que designa a um único botão três ações (bater no chão, rolar e assoprar). Essa opção gera confusão e torna ainda mais frustrante esse já difícil jogo de plataforma.
Para aplacar um pouco esse problema, a versão para Switch inclui um novo modo “moderno” —similar ao “modo fácil”, também introduzido na versão para 3DS—, que dá aos jogadores um coração a mais de vida e inclui novos itens que podem, por exemplo, salvá-los de uma queda ou protegê-los de ataques.
Apesar de bem intencionada, a inclusão dos itens funciona como um band-aid colorido. Por um lado, dá uma solução, ainda que provisória, para o problema. Por outro, ajuda a destacar o defeito.
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Fora isso, o jogo traz como novidade gráficos atualizados para uma maior resolução de telas —daí o “HD” do título. E só. Nem a localização para o português do Brasil, algo que a Nintendo vem fazendo com recorrência em seus novos lançamentos, foi incluída.
Por tudo isso, é difícil justificar a cobrança de um preço “cheio” do título. Pelos mesmos R$ 299, é possível comprar “Super Mario Wonder“, que é um jogo muito melhor.
A sensação que fica é que Donkey Kong voltou à posição de personagem secundário dentro do universo da Nintendo, se tornando uma franquia lembrada apenas para cumprir tabela na “raspa do tacho” do que o Switch tem a oferecer. Fica a esperança de que a história não se repita no Switch 2.
O repórter recebeu uma cópia do jogo com acesso antecipado para teste.
noticia por : UOL