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Cuiaba - MT / 12 de junho de 2025 - 4:19

Quem é o brasileiro “socialista” que viajou com Greta Thunberg no “iate da selfie” 

“Há alguns minutos a gente recebeu uma mensagem avisando que eles foram interceptados, estavam sendo atacados pelo Exército israelense”. Em um vídeo publicado nesta segunda-feira (9), a mulher do ativista brasileiro Thiago Ávila disse ter perdido o contato com o marido, que tentava chegar à Faixa de Gaza em um barco com outros militantes anti-Israel. Em tom preocupado, ela contou que não estava conseguindo fazer contato com o marido. No vídeo, é possível ouvir um choro de criança ao fundo.  

É a filha de um ano do casal, que Ávila deixou em casa para se juntar ao barco com Greta Thunberg e outros dez ativistas em uma aventura ideológica cujo desfecho era previsível. 

O marido de Lara não foi “atacado” pelas Forças Armadas de Israel, mas detido por tentar furar o bloqueio naval a Gaza com o pretexto de levar alimento aos moradores da região. 

O brasiliense Thiago de Ávila Silva e Oliveira tem 38 anos. Assim como Greta Thunberg, sua companheira de aventura náutica, ele é um ativista em tempo integral.  

Ávila, que se apresenta como “internacionalista”, na verdade é formado em propaganda e se identificou como “comunicólogo” quando disputou a eleição de 2022 pelo Psol. Naquele ano, o Mandato Coletivo Viver Bem teve 5.516 votos na disputa para deputado federal. 

O militante diz ser “socialista” e “revolucionário”, mas na verdade ganhou dinheiro como empresário. Ele diz promover a paz, mas na verdade é um apoiador do grupo terrorista Hezbollah. 

Munido de ideias equivocadas e uma câmera digital, Ávila deixou filha, esposa e a mãe (acamada desde 2006 como consequência de três AVCs) para embarcar na aventura ideológica e levar uma quantidade simbólica de alimentos a Gaza. Aquilo que os ativistas chamaram de “flotilha da liberdade” foi apelidado pelo governo de “iate da selfie”.

Um homem de muitas causas 

Como militante em tempo integral, Thiago Ávila tem tempo de apoiar muitas causas, quase todas duvidosas: o ecossocialismo, Lula Livre, Fora Temer, contra o marco temporal para terras indígenas, apoio ao Padre Júlio Lancelotti, contra remoção de famílias que invadiram áreas públicas, a defesa da ditadura de Cuba e de Fidel Castro. Em 2021, ele chegou a ser preso por impedir a derrubada de uma ocupação irregular no Distrito Federal. 

Curiosamente, Ávila não achou tempo para condenar os ataques do Hamas contra civis israelenses em 7 de outubro. Ele não lamentou — nem mesmo comentou — os atentados. No dia do massacre, e nos dias seguintes, Ávila não tratou do assunto nas páginas que mantém no X, no Instagram, no Facebook e no YouTube. 

O ativista reuniu mais de 800 mil seguidores nas redes sociais ao defender causas indefensáveis com a fala mansa e o rosto sorridente. Ávila carrega o violão para sempre que pode (inclusive na flotilha com Greta Thunberg). Sim, ele também gosta de cantar a música “Trem-Bala”, da cantora Ana Vilela, ao violão, enquanto veste uma bata branca.  

Antes da eleição de 2022, Thiago Ávila já havia tentado ser político. Em 2018, ele tentou se eleger deputado distrital como parte de um “mandato coletivo” do Psol. Assim como ocorreria em 2022, ele ficou longe de alcançar uma vaga. O grupo obteve 6.040 votos. 

Em março deste ano, entretanto, ele anunciou que estava saindo do Psol depois de quase duas décadas militando pelo partido. Sem explicar exatamente por que estava deixando a sigla, Ávila disse que ele e o seu Movimento Bem-Viver vão “focar a energia militante” em alguns assuntos específicos, incluindo a luta “internacionalista” contra os “nossos grandes inimigos planetários”. 

Viagens sem fim 

Thiago Ávila gosta de viajar. 

A aventura náutica rumo a Gaza, que incluiu semanas de preparação na Europa, foi precedida por outros périplos.  

Em março, esteve em um ato pró-Palestina em São Paulo e em um colóquio em Cuba (organizado pela ditadura comunista) e no Líbano. Em fevereiro, foi a um protesto contra Donald Trump… em Istambul, na Turquia. Em janeiro, participou de uma conferência em Istambul e visitou o Irã.  Em dezembro, outra passeata em São Paulo. Em novembro, esteve no Líbano e em um festival árabe em Goiânia. 

Mas a viagem que mais chama atenção ocorreu em fevereiro deste ano. Ávila foi a Beirute, no Líbano, para participar do funeral de Hassan Nasrallah, o líder máximo do Hezbollah. Ele deu entrevista para emissoras locais em que elogia o líder terrorista. “Nasrallah é um mártir que inspira não apenas o povo do Líbano mas o mundo todo”, disse Ávila

O passaporte de Ávila também tem o carimbo da Venezuela. Em 2020, ele esteve no país para observar as eleições nas quais — como sempre — Nicolás Maduro saiu-se vencedor. Ele saiu de lá feliz com o que viu. “Na minha humilde opinião, gostaria muito que esse fosse o sistema eleitoral do meu país”, escreveu o ativista em sua página no Facebook. 

Revolucionário e CEO  

Pode parecer curioso que, sem emprego fixo, Thiago Ávila consiga bancar tantas viagens internacionais. Segundo ele, boa parte dos recursos vem de doadores. O militante mantém uma página na plataforma Apoia-se. Lá, ele tem 166 contribuintes. “Hoje minha renda vem prioritariamente do apoio das pessoas aqui”, diz Ávila em seu perfil no Apoia-se.

Mas, no passado recente, Thiago Ávila também teve outra ocupação: empresário.

Quando era recém-formado em Publicidade, Thiago Ávila foi convidado a fazer o plano de comunicação de uma empresa que presta assessoria para a obtenção de vistos. Depois de encontrar falhas no projeto, ele decidiu lançar a própria empresa no setor: a Globalvisa, fundada em 2009. Desde então, a companhia cresceu e abriu filiais.

Hoje, a Globalvisa diz ter como clientes companhias como a Tramontina, a Ericsson e a Vale — além da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.

Mais recentemente, a empresa fechou parceria com o Botafogo para agilizar o processo de emissão de vistos para o Mundial de Clubes, nos Estados Unidos. A empresa também presta serviços para o Fluminense

Em destaque no site da companhia, é possível ver uma foto da Estátua da Liberdade com a ilha de Manhattan ao fundo. É uma divulgação do serviço de apoio à obtenção do visto americano. Em 2016, Thiago Ávila se apresentava como “CEO” da Globalvisa. Mas, de lá para cá, as referências à empresa desapareceram. Hoje, no cadastro da Receita Federal, o CNPJ principal da companhia tem apenas dois sócios-administradores: Daniel Santos Gonçalves de Magalhães e Fabiano Xavier dos Passos.

À Gazeta do Povo, a Globalvisa afirmou que Thiago Ávila não tem ligação com a empresa há mais de cinco anos.

Próxima viagem marcada 

Depois de ser detido pelas forças israelenses, Thiago Ávila se recusou a assinar a própria extradição e permaneceu detido. 

Talvez ele não volte a tempo da sua próxima viagem: uma peregrinação de brasileiros a Cuba, marcada para julho.  

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noticia por : Gazeta do Povo

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