Como um franco atirador alucinado em cima do telhado da Casa Branca, Trump dispara para todo lado contra aliados e inimigos, não deixa pedra sobre pedra na ordem mundial em sua escalada autoritária, com avanços e recuos, sem dar bola para o Congresso, a Suprema Corte, o Judiciário, a Constituição, a ONU, o Vaticano, a Otan, o Tribunal Penal de Haia, qualquer um que se coloque no seu caminho.
Tenho a impressão de que toda noite, depois que todos vão embora e ele fica sozinho no palco, o presidente norte-americano abre um mapa-múndi sobre a sua mesa e escolhe os alvos que atacará no dia seguinte, como fazia Charles Chaplin no filme “O Grande Ditador”, em que a suástica foi substituída por um “X”.
Para Trump, não há limites em sua fobia de poder absoluto. Podem ser os pobres vizinhos, Canadá e México, tratados a pontapés; a Groenlândia, que é da Dinamarca; o canal do Panamá, que é do Panamá; a Faixa de Gaza, onde quer varrer os palestinos para erguer resorts; as terras raras de minerais da Ucrânia, que quer tomar na mão grande, em parceria com Putin, depois de humilhar Zelensky ao vivo na TV, ou os milhões de imigrantes que se tornaram seus inimigos preferenciais, como foram os judeus na Alemanha nazista.
Já mandou muitos deles para o campo de concentração de Guantánamo, usa os aviões militares para fazer deportações em massa, em que seres humanos são amarrados como bichos com correntes, sem comida e sem água, para amedrontar os que ficaram e podem vir a ser as próximas vítimas.
O que o move é a sede de vingança por ter perdido a eleição de 2020, disposto agora a fazer tudo o que as instituições americanas o impediram no primeiro mandato. Para isso, cercou-se só de iguais, bilionários excêntricos e sabujos domesticados, tendo à frente o inacreditável cúmplice Elon Musk, que agora quer conquistar Marte, depois de fazer do planetinha uma terra arrasada por algoritmos e alucinações em que não existem mais fronteiras.
Dia após dia, Trump lança novas bombas de efeito retardado, deixando a imprensa maluca para seguir seus passos e tentar adivinhar até onde ele pode chegar, sem ninguém capaz de contê-lo. Como fazia em “O Aprendiz”, a felicidade dele é gritar “está demitido”, só que agora o alvo é a máquina pública que ele quer implodir para reinar sem amarras, detonando os sistemas de educação e de saúde.
noticia por : UOL