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Cuiaba - MT / 13 de abril de 2025 - 17:57

Primeira votação à Presidência do Gabão após golpe militar termina sem incidentes

O Gabão realizou neste sábado (12) as primeiras eleições para a Presidência do país após a queda do ditador do país, Ali Bongo. Ele foi derrubado por militares em um golpe de Estado, em 2023.

A votação transcorreu sem incidentes. A contagem começou pouco depois das 18h (14h de Brasília), quando muitas salas de votação fecharam, embora algumas tenham ficado abertas para os eleitores que ainda faziam filas. É esperado que o resultado saia neste domingo (13). O eleito terá direito a governar o país por um mandato de sete anos, com a possibilidade de reeleição uma vez.

O líder do levante, Brice Oligui Nguema, é o favorito a vencer o pleito. Nguema, 50, tem laços familiares com Bongo e assumiu o país após o golpe como presidente da transição. Líderes opositores o acusam de usar sua posição e o aparato de Estado para restringir a oposição e controlar o processo eleitoral.

Ao votar no sábado, numa escola no centro da capital Libreville, Nguema classificou a votação como transparente e disse que a fila de pessoas à espera para votar era a prova de que “os gaboneses recuperaram a confiança nas eleições”.

O enfermeiro Lionel Ekambou, 28, acordou cedo para votar em Nguema. “O seu projeto social corresponde às minhas expectativas e estou convencido que contribuirá para a construção de um futuro melhor”, disse.

Percorrendo o país com um boné de basebol com o slogan “Construímos juntos”, Nguema prometeu diversificar a economia dependente do petróleo e promover a agricultura, a indústria e o turismo no país. Um terço da população de cerca de 2,5 milhões de habitantes vive na pobreza.

No entanto, nem toda a gente acredita que Nguema representa uma verdadeira ruptura com o passado. “Ele nos vendeu um sonho”, disse Libaski Moussavou, 34, à agência de notícias Reuters, antes de votar.

O general-presidente é apoiado pelo Partido Democrático Gabonês, legenda do líder destituído pelo próprio Nguema e maior força política de um país que por décadas viveu sob um sistema de partido único controlado por Omar Bongo e depois por seu filho, Ali, que declarou não ter ambições políticas após o golpe.

“Quando [Nguema] visita uma província, tudo para. Todos os funcionários públicos vão ao seus comícios. Nunca foi assim”, afirmou o principal candidato opositor, Alain Claude Bilie-By-Nze (lê-se “bili binzê”), que diz que os militares devem “voltar para os quartéis”.

Nze, 57, votou na sua cidade natal, Makokou. Em um vídeo enviado aos veículos de comunicação pela sua campanha, manifestou a sua preocupação de que as cédulas de voto não utilizadas deixadas nas seções pudessem ser utilizadas para encher as urnas.

Nze tem tentado distanciar-se da família Bongo ao mesmo tempo que contesta a aptidão de Nguema para a Presidência.

Há outros seis candidatos na disputa, com apoio público pouco relevante: Thierry Ngoma, Axel Ibinga, Alain Boungoueres, Zenaba Changing, Stéphane Iloko e Joseph Essigone.

Analistas afirmam que a posição de Nguema como líder nas pesquisas se deve ao fato de as pessoas estarem satisfeitas com o golpe e de ele ser o candidato mais visível durante a campanha.

Os laços estreitos de Nze com o antigo governo também prejudicam o seu aviso de que Nguema representa uma ameaça para a democracia gabonesa, disse Florence Bernault, historiadora da África Central na Sciences Po. “Ele não parece estar muito bem colocado para criticar”, disse Bernault.

A economia do Gabão cresceu 2,9% em 2024 e 2,4% em 2023, impulsionada em parte por projetos de infraestrutura e produtos de base como o petróleo, o manganês e a madeira, de acordo com o Banco Mundial.

Mas muitos eleitores disseram à Reuters que estavam sobretudo preocupados com serviços básicos, citando os cortes de eletricidade que assolam a capital. “Falamos sobre isso todos os dias”, disse o eletricista Herve Regis Ossouami, 40. “Não conheço nenhum gabonês que diga que não quer água e eletricidade.”

Colaborou Guilherme Botacini, de Brasília

noticia por : UOL

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Cuiaba - MT / 13 de abril de 2025 - 17:57

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