Autorização dada por Yoon Suk Yeol, presidente suspenso após decretar lei marcial e suspender direitos civis no início de dezembro, foi revelada por um relatório do Ministério Público sul-coreano consultado pela agência AFP. Mulher segura cartaz que pede saída do presidente da Coreia do Sul durante protesto em Seul, em 4 de dezembro de 2024
Philip Fong / AFP
O presidente destituído da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, autorizou os militares a abrir fogo para entrar no Parlamento durante a sua tentativa de impor a lei marcial, segundo um relatório do Ministério Público consultado neste sábado (28) pela agência de notícias France Presse (AFP).
Yoon, destituído este mês, está sendo investigado depois de declarar a lei marcial e enviar o exército ao Parlamento na noite de 3 de dezembro, alegando um suposto conluio da oposição com Pyongyang.
Mesmo assim, os deputados conseguiram se reunir naquela mesma noite, depois de contornar o cordão militar, e derrubaram a lei marcial com uma votação.
De acordo com o relatório de acusação do Ministério Público, Yoon disse ao chefe do comando de defesa de Seul, Lee Jin-woo, que as forças militares poderiam disparar se necessário para entrar no Parlamento.
“Eles ainda não entraram? O que eles estão fazendo? Arrombe a porta e tire-os de lá, mesmo que seja atirando neles”, disse Yoon a Lee, de acordo com o relatório.
Yoon também teria ordenado ao chefe do Comando de Contra-Espionagem de Defesa, general Kwak Jong-keun, que “entrasse rapidamente” no Parlamento, uma vez que o quórum necessário para suspender a lei marcial não havia sido alcançado.
“Entrem rapidamente no Parlamento e retirem as pessoas de dentro da Câmara, arrombem as portas com um machado se necessário e arrastem todos para fora”, disse Yoon, segundo o relatório.
Yoon foi destituído de suas funções após uma votação no Parlamento, embora a bola esteja agora nas mãos da Corte Constitucional, que deve validar ou invalidar a sua saída no prazo de seis meses.
O advogado de Yoon, Yoon Kab-keun, rejeitou o relatório do MP e disse à AFP que se trata de “um relato unilateral que não corresponde nem às circunstâncias objetivas nem ao bom senso”.
Yoon enfrenta acusações criminais de insurreição por sua declaração da lei marcial, o que pode lhe render prisão perpétua ou até mesmo a pena de morte.
O Gabinete de Investigação da Corrupção, que centraliza as investigações, já convocou duas vezes o presidente deposto para interrogá-lo sobre os acontecimentos que chocaram o país. Mas Yoon não compareceu a nenhuma dessas convocações.
Os investigadores enviaram-lhe uma terceira intimação na quinta-feira para uma audiência na manhã de domingo.
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Fonte: G1