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Cuiaba - MT / 9 de janeiro de 2025 - 13:03

Política econômica de Trump prejudicará crescimento, dizem economistas em pesquisa do Financial Times

A visão de Donald Trump de remodelar a maior economia do mundo por meio de políticas protecionistas que colocam “a América em primeiro lugar” prejudicará o crescimento, de acordo com uma pesquisa do Financial Times com economistas, contrastando com o otimismo dos investidores em relação aos planos do presidente eleito dos EUA.

Pesquisas com mais de 220 economistas dos EUA, Reino Unido e Zona do Euro sobre o impacto econômico do retorno de Trump à Casa Branca mostraram que a maioria dos entrevistados acredita que sua mudança protecionista ofuscará os benefícios de outros elementos do que o presidente eleito chamou de “Maganomics” [fusão do slogan Maga, “Make America Great Again”, com “economics”].

Muitos economistas nos EUA, que foram entrevistados conjuntamente pelo FT e pela Booth School of Business da Universidade de Chicago, também acreditam que um novo mandato de Trump estimulará a inflação e levará a mais cautela do Federal Reserve em cortar as taxas de juros.

“As políticas de Trump podem trazer algum crescimento a curto prazo, mas isso será às custas de uma desaceleração global que depois voltará a prejudicar os EUA”, disse Sebnem Kalemli-Ozcan, professora da Universidade Brown que também faz parte do painel consultivo econômico do Fed de Nova York.

“Suas políticas também são inflacionárias, tanto nos EUA quanto no resto do mundo, portanto, estaremos nos movendo para um mundo estagflacionário.”

No entanto, a maioria dos economistas —incluindo do FMI, da OCDE e da Comissão Europeia— prevê um crescimento mais forte nos EUA do que na Europa em 2025.

A economia dos EUA tem consistentemente superado suas contrapartes do outro lado do Atlântico desde a pandemia de coronavírus, expandindo-se a uma taxa anualizada de 2,8% no terceiro trimestre do ano passado.

Trump ainda não apresentou um prospecto econômico abrangente, deixando os analistas basearem suas perspectivas em promessas e ameaças feitas durante a campanha.

Essas incluem planos para impor tarifas gerais de até 20% sobre todas as importações dos EUA, deportações em massa de trabalhadores sem documentos, redução da burocracia e tornar permanentes os cortes de impostos introduzidos em 2017.

Trump, um autoproclamado “homem das tarifas”, tem uma crença antiga e profunda de que os EUA precisam fechar seu déficit comercial e impulsionar a produção interna.

“As políticas anunciadas incluem tarifas substanciais e deportações de trabalhadores imigrantes”, disse Janice Eberly, ex-funcionária sênior do Tesouro dos EUA no governo Obama, agora na Universidade Northwestern. “Ambas tendem a ser inflacionárias e provavelmente negativas para o crescimento.”

No geral, mais da metade dos 47 economistas entrevistados especificamente sobre a economia dos EUA esperam “algum impacto negativo” da agenda de Trump, e outro décimo prevê um “grande impacto negativo”. Por outro lado, um quinto dos entrevistados espera um impacto positivo.

O pessimismo entre os economistas contrasta com o otimismo dos investidores em relação ao segundo mandato de Trump.

O índice de ações S&P dos EUA disparou nas semanas após a vitória de Trump, embora tenha reduzido alguns desses ganhos em dezembro, depois que os responsáveis pelas taxas de juros nos EUA sinalizaram que fariam menos cortes neste ano do que o anteriormente esperado.

Em sua melhor sequência de dois anos neste século, o índice de referência terminou 2024 com alta de 23,3%, após um ganho semelhante em 2023.

Benjamin Bowler, estrategista do Bank of America, disse esta semana que a “economia laissez-faire, cortes de impostos e desregulamentação” de Trump, juntamente com uma potencial “revolução da IA”, significavam que o rali provavelmente continuaria em 2025.

Uma pesquisa separada do FT mostrou que os economistas da Zona do Euro estavam ainda mais pessimistas sobre o impacto das políticas de Trump em sua região do que aqueles nos EUA, com 13% dos analistas dizendo que esperavam um grande efeito negativo e outros 72% prevendo algumas repercussões negativas.

Para a Zona do Euro, a principal preocupação é sobre a produção manufatureira, especialmente na Alemanha, a maior economia da região.

Martin Wolburg, economista sênior da Generali Investments, destacou a possibilidade de a indústria automobilística do país ser “especialmente visada” por Trump.

A ameaça de Trump de uma tarifa de 60% sobre a China “poderia desafiar ainda mais as indústrias europeias”, disse Christophe Boucher, diretor de investimentos da ABN Amro Investment Solutions, pois aumentaria a perspectiva de Pequim inundar a região com produtos baratos.

Enquanto o Reino Unido é visto como mais isolado das tarifas, graças ao seu grande setor de serviços, Alpesh Paleja, economista-chefe da CBI, alertou que o país estaria exposto ao “impacto de segunda ordem” caso as tarifas pesassem sobre o crescimento da Zona do Euro.

No Reino Unido, mais de 56% dos quase 100 entrevistados esperavam algum impacto negativo, com muitos falando sobre o arrasto no sentimento devido ao clima de incerteza prevalecente antes da posse de Trump em 20 de janeiro. Pouco mais de 10% previram algum impacto positivo.

“A administração Trump será uma ‘máquina de imprevisibilidade’ que dissuadirá empresas e famílias de tomarem decisões de longo prazo com facilidade”, disse Barret Kupelian, economista-chefe da PwC UK. “Isso inevitavelmente terá um custo econômico.”

noticia por : UOL

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