O HKU5-CoV-2 pertence a grande família dos coronavírus, mais especificamente dos merbecovírus, a mesma que gerou a epidemia de Mers (sigla em inglês para Síndrome Respiratória do Oriente Médio), entre 2012 e 2015, em países da Ásia. Já o SARS-CoV, por exemplo, também é um tipo de coronavírus, mas integrante da subfamília sarbecovírus, responsável pela epidemia de Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) no início dos anos 2000 e da pandemia de covid-19.
Conforme o estudo chinês, os merbecovírus presentes nos morcegos do gênero Pipistrellus infectados mostraram um alto risco de spillover (adaptação para outras espécies) para humanos, seja por transmissão direta ou facilitada por hospedeiros intermediários – como os animais pangolins ou visons.
Na avaliação do infectologista Alexandre Naime Barbosa, chefe de Departamento de Infectologia da Unesp, a recente descoberta do HKU5-CoV-2 “desperta atenção”, uma vez que existe a possibilidade deste novo vírus sofrer mutações futuras e levar ao surgimento de linhagens capazes de ameaçar a saúde humana.
“O HKU5-CoV-2 ainda não se liga às células humanas com a mesma eficiência que o SARS-CoV-2, mas ele já demonstrou a capacidade de infectar células de órgãos humanos cultivadas em laboratório. Esse fato sugere que, com o tempo e sob as condições certas, o vírus pode evoluir e aumentar sua capacidade de transmissão para as pessoas”, afirma.
No entanto, o infectologista explica que é cedo para soar qualquer tipo de alarme, uma vez que não há comprovação ainda de que o HKU5-CoV-2, apesar de transmissível, seja patogênico. “Não é possível afirmar, ainda, que esse novo tipo de coronavírus seja capaz de causar uma doença grave ou até mesmo um simples resfriado”, diz o especialista, que também é coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia.
No caso de uma evolução deste novo coronavírus, as vacinas usadas contra a covid-19, produzidas para combater o SARS-Cov-2, não teriam efeito contra HKU5-CoV-2. “Essa nova linhagem é completamente diferente dos vírus anteriormente identificados, e provavelmente não sofrerá ação pela resposta imune criada pelas vacinas já existentes”, afirma o especialista.
noticia por : UOL