Em 46 anos de Carnaval, o compositor paulista Vandir Rodrigues da Costa assinou mais de dez sambas-enredos pelas escolas Rosas de Ouro, Império de Casa Verde, Pérola Negra e Imperador do Ipiranga. Também se destacou na categoria samba-exaltação, compondo obras como “Velha Guarda”, “Baianas de Ouro” e “Exaltação da Torcida Furacão Azul e Rosa”.
Vandir nasceu em 1964, na cidade de Ribeirão Preto (SP). Deixou o interior para criar raízes na Vila Carioca, região do Ipiranga, zona sul da capital, e berço da agremiação Imperador do Ipiranga. Estreou na avenida Tiradentes, em 1979, desfilando como componente ao som do enredo “Homenagem em Forma de Samba — Sílvio Santos”.
Mas foi no pavilhão da Brasilândia, zona norte de São Paulo, que seu coração bateu mais forte. Em 1998, iniciou a trajetória de três décadas na Rosas de Ouro, onde celebrou a vida, entre churrascos embalados por sambas inesquecíveis, nutrindo suas inspirações para compor.
“Tinha sempre um sorriso no rosto e braços abertos”, diz seu filho, Bruno Gianelli, 27.
Sua paixão pelo Carnaval e pela Nação Azul e Rosa foi passada para Gianelli, que, aos dez anos de idade, acompanhou seu pai como componente. E viu a escola de samba quebrar o jejum de 16 anos, conquistando o grupo especial do Carnaval de 2010.
Vandir também esteve presente na composição do samba “Pérolas”, da Escola Pérola Negra, do bairro da Vila Madalena, garantindo acesso à elite do Carnaval paulistano, com o vice-campeonato do grupo de acesso em 2015.
A última passagem de Vandir pela Roseira aconteceu em 22 de fevereiro, no primeiro ensaio da escola. A descoberta de um câncer no intestino interrompeu sua história na agremiação. Mesmo com a notícia, não desanimou, manteve seu carisma e o sorriso no rosto.
“Ele teve uma linda história, conquistou muitos amigos e viveu mais de 40 anos ao lado da minha mãe. Seguirei seus ensinamentos e, como sambista, farei com que seu legado jamais seja esquecido”, diz Bruno.
“Impossível voltar à quadra da Roseira e não ver o Vandir ali, cantando, feliz, abraçando os componentes, sempre muito querido com toda comunidade. Ele sempre será lembrado!”, diz Sheila Vieira, parceira de ala dos compositores.
No mês de março, Vandir sofreu dois AVCs (acidente vascular cerebral) em 21 dias, o que comprometeu ainda mais sua saúde. Ele morreu em 27 de março, um dia antes de completar 61 anos, após sofrer um terceiro AVC e não resistiu.
Ele deixa a mulher, Meire Giannelli, o filho, Bruno, a Rosas de Ouro, o samba e o Carnaval.
noticia por : UOL