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Cuiaba - MT / 7 de fevereiro de 2025 - 14:59

Kassab tenta se realinhar com bases de Lula e Tarcísio após desgaste simultâneo

Considerado um político habilidoso e dono de análises eleitorais precisas, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, teve de realinhar seu discurso nesta semana após declarações que soaram, no meio político, como um desembarque do governo Lula (PT) e uma aposta em uma eventual candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Kassab é secretário de Relações Institucionais do governador de São Paulo, que, por sua vez, é aliado de Jair Bolsonaro (PL), e o PSD tem três ministérios no governo do PT.

Na semana passada, em um evento fechado do banco de investimentos UBS BB para agentes do mercado financeiro, Kassab chamou o ministro Fernando Haddad (Fazenda) de fraco e questionou as chances de vitória de Lula.

“Hoje [a reeleição] não é fácil. Em quase 23 anos, desde que Lula se elegeu, o PT nunca teve uma queda [de popularidade] no Nordeste. Se fosse hoje, ele estaria na campanha, mas não na posição de favorito, e sim de derrotado.”

A fala foi uma avaliação da pesquisa Quaest, divulgada dias antes, que mostrava, pela primeira vez, a avaliação negativa do governo Lula superou a positiva. Kassab não deixou de afirmar na ocasião que Lula era um nome forte, que faria “tudo” para vencer a eleição de 2026.

A declaração ocorreu, também, no dia seguinte a um jantar em Higienópolis, região central da cidade, que reuniu lideranças políticas paulistas com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) —que seria eleito para o cargo no fim de semana seguinte.

A ausência de políticos bolsonaristas e as falas moderadas dos presentes foram interpretadas por analistas como uma primeira reunião do grupo político que daria suporte à tentativa de Tarcísio de disputar a Presidência.

Embora Tarcísio não se lance para a disputa presidencial, defendendo que o candidato do seu grupo é Bolsonaro ou quem ele escolher, as declarações posteriores de Kassab foram vistas como uma adesão a esse possível projeto.

“O Kassab não conversou isso com ninguém. Ele fala o que ele quiser”, disse na segunda-feira (3) o líder de Tarcísio na Assembleia Legislativa, Gilmaci Gomes (Republicanos).

O presidente Lula, que prepara uma reforma ministerial e pode alterar a fatia de cargos sob controle do PSD no governo, reagiu com deboche às falas de Kassab. Em entrevista coletiva no dia seguinte ao evento do UBS BB, Lula disse que “riu” das declarações do aliado.

“Quando eu vi a história do companheiro Kassab, eu comecei a rir. Porque, como ele diz que, se a eleição fosse hoje, eu perderia, eu olhei no calendário e percebi que a eleição vai ser só daqui a dois anos”, disse. Lula também defendeu Haddad das críticas.

Nos bastidores, aliados do presidente apontaram que a relação entre ambos estremeceu.

Já nesta semana, Kassab teve de agir para retornar à posição em que estava há duas semanas, equidistante dos dois projetos presidenciais.

Na última quarta-feira (5), em um almoço realizado no mesmo restaurante de Higienópolis que recebeu o jantar para Hugo Motta, Kassab procurou desfazer a impressão de que apostava na campanha presidencial de Tarcísio. Segundo aliados, ele reforçou a defesa da reeleição para o governo do Estado.

O vice de Tarcísio, Felício Ramuth, é do partido de Kassab. Aliados afirmam que o secretário almeja o cargo, de olho na cadeira de governador em uma eventual tentativa de Tarcísio disputar a Presidência em 2030. Kassab não confirma.

O almoço reuniu prefeitos do Vale do Paraíba e terminou com mandatários de outros partidos afirmando que devem migrar para o PSD, que já controla 206 das 645 prefeituras paulistas. O partido negocia ainda uma fusão com o PSDB.

Nesta quinta-feira (6), também em um evento fechado para grupos de investidores, Kassab mudou o tom sobre as expectativas para 2026 e a posição de “derrotado” de Lula.

“Ainda é muito cedo para afirmar qualquer coisa sobre a eleição. Ele ainda pode reverter o cenário. Ele é forte”, disse o secretário ao Estadão/Broadcast.

Os auxiliares de Kassab não veem mudança de tom entre as declarações da semana passada e desta.

“O presidente Lula tem qualidades e força política inegáveis. Kassab, perguntado naquele momento [semana passada], diante daquela pesquisa [Quaest], se o Lula poderia perder a eleição em 2026, disse que poderia”, afirma sua equipe, em nota.

“Isso não muda o fato de que Lula é um político forte, experiente, que inegavelmente sabe ganhar eleições e tem tempo para chegar em 2026 com uma avaliação mais favorável. E isso pode acontecer ou não”, segue o texto.

Ainda segundo a assessoria, Kassab “tem dito há algum tempo que o governador Tarcísio é o melhor projeto para o Estado de São Paulo e está convicto de que ele será presidente da República no futuro”.

Kassab “acha que, com um governo tão bem avaliado e com tantas realizações em desenvolvimento, a opção por tentar a Presidência após o primeiro mandato é arriscada, vide o que ocorreu com os governadores [José] Serra e [João] Doria”.

Por fim, a assessoria de Kassab informou que ele apoiará a decisão de Tarcísio, “independentemente de qual seja”.

noticia por : UOL

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Cuiaba - MT / 7 de fevereiro de 2025 - 14:59

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