Frases da Semana: “Somos tratados com furiosa obsessão negativa”

“Fiz o meu papel” – Felipe Neto, influenciador digital, sobre deixar de comentar política nas redes sociais. Infelizmente, sem o mesmo brilho e dignidade de quando se destacava no papel de imitador de focas. 

“Teve pessoas que ficaram 12 horas sem comer” – Mitchelle Benevides Meira, secretária da Diversidade do Ceará, sobre voo que trouxe brasileiros deportados dos EUA. Sabe como é, a comida de avião está cara, e eles estavam apenas seguindo o conselho do presidente de esperar os preços baixarem. 

“Há um problema muito grande no Brasil envolvendo postos de combustíveis. Há infiltração de crime organizado e inúmeras formas de se fraudar essa atividade” – Mário Sarrubbo, secretário nacional de Segurança Pública. A sorte é que não falta gente neste governo que entenda muito sobre fraudes em postos de gasolina e lava-jatos. 

“Gregório Duvivier roça a língua de Caetano Veloso ao interpretar canção em monólogo” – manchete do Portal G1. E o Caetano deixou, mesmo que o Gregório já tenha passado há muito tempo dos 13?

“Projetos antiaborto são armas da direita radical para 2026” – alerta Ana Luiza Albuquerque, na Folha de S.Paulo. Mais de 500 anos se passaram e a extrema-direita ainda insiste em sua cruzada contra os sacrifícios humanos em Pindorama. Até quando? 

“Conversa de boteco” –  Vinicius Marques de Carvalho, ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), minimizando a piora do Brasil no ranking de corrupção da Transparência Internacional. Segundo seu chefinho, é lá onde tudo se resolve mesmo, da guerra na Ucrânia até o destino dos celulares alheios. 

“Nem o PT tem feito campanha contra as emendas parlamentares. Parece que todo mundo está pegando uma parcela dessa grana” – Cesar Tralli, apresentador de TV. Vejam vocês: nem o PT! Esse farol da ética e monumento à moralidade pública.  

“Ver o [Manchester] City perder me dá gosto. É a derrota dos oligopólios. A derrota das ditaduras que tentam comprar o futebol” – Milly Lacombe, feminista e palpiteira de futebol, comemorando a vitória do Real Madrid, time do General Francisco Franco – ditador que governou a Espanha por quase quarenta anos. 

“Estamos no rumo certo” – slogan de André Ventura, líder do partido conservador português Chega. Da última vez que disseram isso, acharam que estavam indo para a Índia e acabaram vindo parar no Brasil. 

“Não vai à escola, busca restos de comida no lixo de manhã e quer ser jogador de futebol” – descrição de menino brasileiro segundo o ABC der Tiere, livro usado no ensino fundamental na Alemanha. Em retaliação, o MEC cogitou editar um livro em que o menino alemão se chama Mohammed, só fala árabe e acaba se juntando à Al-Qaeda, mas desistiu após receber elogios do governo alemão pelo realismo e diversidade. 

“Esse país só vai dar certo quando a classe média voltar para a escola pública” – Lula. Duvido. Basta ver que nem quando a classe política começou a frequentar as carceragens o nível dos presídios melhorou. 

“Se a gente acha caro construir uma escola, muito mais caro será construir uma cadeia” – Lula. Pode confiar na palavra do homem, já que ele conseguiu fugir de ambas com sucesso. 

“O Amapá vai se colocar como o estado exemplo de preservação ambiental. O Macapá possivelmente seja o estado brasileiro [sic] com menos desmatamento nesse instante” – Lula, ao falar da COP-30, que será no Pará. Pensando bem, em certos casos, investir em presídios talvez trouxesse mais resultados do que investir em educação. 

“Ninguém aparece no meu gabinete para oferecer coisa boa. Só aparece para pedir” – Lula. Saudades do tempo das vacas gordas, quando aparecia um com um pedalinho, outro com um relógio Cartier, ou um triplexzinho pra fazer um agrado… 

“O que não dá é para a gente ficar nesse lenga-lenga. O Ibama é um órgão do governo, parecendo que é um órgão contra o governo” – Lula, sobre dificuldade para obter licenças ambientais na Bacia Foz do Amazonas. Ainda bem que os artistas salvaram a Amazônia, pro Lula ter onde explorar petróleo. 

“Eu tô comendo agora ovo de pata e ovo de ema. Qualquer dia eu vou comer ovo de jabuti” – Lula, sobre sua dieta. São três os animais que possuem esses hábitos alimentares: os calangos, as cobras e os gambás. Alguém aí arrisca dizer em qual categoria Lula se encaixaria melhor?

“Só para os interessados em ir além da superficialidade e caraminholas do pobre debate sobre o sistema estatístico e a nova realidade nacional” – Márcio Pochmann, gênio da estatística e presidente do IBGE, promovendo sua participação em um podcast. Esses tutoriais de maquiagem no YouTube estão ficando cada vez mais elaborados. 

“O Caetano Veloso, na genialidade dele, que é absolutamente plena, veio me perguntar sobre a redação de ata do Copom. Tem uma arte por trás de escolher as palavras ali” – Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central. As atas do BC têm arte, suspense e até ilusionismo… só falta mesmo é lógica. 

“Estresse gerado por mudança climática pode aumentar divórcio entre aves” – manchete da Folha de S.Paulo. Segundo especialistas em direito aviário, isso se deve a uma lei relatada pelo saudoso ex-senador Jarbas Passarinho. 

“Macacos de Minas Gerais atingem estágio de evolução da pedra lascada” – manchete do Jornal O Globo, sobre símios de Montes Claros (MG) que usam pedras para quebrar frutos secos. No cinema, isso não terminou muito bem. 

“Uma fonte muito bem posicionada disse que o caso das emendas parlamentares sem transparência é, seguramente, o maior escândalo de corrupção da história do Brasil” – Daniela Lima, apresentadora de TV. E olha que não existem fontes mais bem posicionadas do que aquelas que vivenciaram o Mensalão e o Petrolão em primeira pessoa. 

“Não é possível corrigir sete anos de má administração em dois” – Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Mas nada é tão ruim que o Haddad não consiga piorar ao tentar corrigir. 

“Não existe estudo sobre aumento do valor do benefício do Bolsa Família. Esse tema não está na pauta do governo e não será discutido” – nota do Ministério da Casa Civil, desmentindo declaração do ministro de Desenvolvimento Social, Wellington Dias. Foi apenas um pequeno mal-entendido; as más línguas espalharam que o que estava na pauta era o aumento da bolsa, mas somente para as famílias Calheiros e Barbalho. 

“Rico em colágeno: veja como fazer caldo de ossos para o dia a dia” – manchete do Portal Terra. É, o Brasil está polarizado até o tutano mesmo. 

“Eu considero que o paciente está na UTI” – diagnóstico para a economia brasileira de Armínio Fraga, ex-ministro da Fazenda e lulopetista de ocasião. A crise está tão braba que o Armínio já está ficando sem casacas para virar. 

“Ao criar essa proibição, vamos ter uma sequência de rebeliões. Porque se tem algo que cria rebelião, é quando se perde a visita [conjugal]” – Alexandre de Moraes, ministro do STF. Quando bandido ameaça um motim, recebe mimos. Quando o cidadão se revolta, leva censura e processo. E assim entendemos como funciona o país. 

“Somos tratados com furiosa obsessão negativa”

Luís Roberto Barroso, ministro do STF, sobre críticas ao Judiciário. Nada que uma ou duas consultas com o João de Deus não resolva. 

“O que fazemos de bom recai em um silêncio indiferente” – Luís Roberto Barroso, ministro do STF. Estranho isso, parece até que o povo anda com medo de se manifestar. 

“Qualquer juiz federal [dos EUA] pode mandar prendê-lo, se pisar lá. Eles querem se vingar do Alexandre [de Moraes]” – declaração de Auxiliar de Lula, segundo o jornalista Robson Bonin. E de que adianta, se o Trump anda deportando todo tipo de mau elemento? 

“A própria Constituição repudia as leis casuísticas” – Gilmar Mendes, ministro do STF, falando, fora dos autos, sobre projeto para o fim da lei da “Ficha Limpa”. Já as decisões casuísticas, essas estão liberadas por rica jurisprudência. 

“O ministro [Renan Filho] é meio prolixo, ele não tem muita cintura, ele não chega a ser um Flávio Dino, né?” – Josias de Souza, jornalista. Uma comparação injusta, ninguém tem tanta cintura quanto o Flávio Dino. 

“Eu amo Donald Trump tanto quanto um homem hétero pode amar outro homem” – Elon Musk. Então é por isso que o Bolsonaro anda sentindo uma pontinha de ciúme hétero. 

“Taylor Swift teve uma noite muito difícil. Foi vaiada pelo estádio inteiro” – Donald Trump, ironizando a cantora, que apoiou Kamala Harris, após ela receber vaias no Super Bowl. Isso é fake news, ela foi vaiada por apenas dois terços do estádio — onde, por coincidência, todos eram seus ex-namorados.

“Veja também: adoção” – mensagem que aparece ao se buscar pela palavra “aborto” no site do CDC (Centro para o Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA. Em certos países ao sul do Equador, as autoridades dariam 48 horas para a página sair do ar e ainda autorizariam abortos retroativos para corrigir qualquer efeito colateral. 

“Por que falta um STF aos Estados Unidos” – Reinaldo Azevedo, jornalista de situação. Mas que país esquisito: não tem STF, não tem dengue, não tem estatal dando prejuízo bilionário… não tem nada que preste! 

“Se o governo dos EUA financiasse a eleição de Lula sobre Bolsonaro, isso te incomodaria?” – perguntou Mike Lee, senador americano, via X. 

“Bem, a burocracia americana de fato fez isso” – Elon Musk, respondendo a Mike Lee. 

“Congelamento de ajuda externa por Trump lança o jornalismo ao redor do mundo no caos” – nota da organização Repórteres Sem Fronteiras. Por muito tempo, a imprensa se recusou a se vender. Hoje, só querem um patrão que pague em dia. 

“Plano de Donald Trump e Elon Musk de fechar a USAID ameaça a mídia independente no mundo” – manchete da Folha de S.Paulo. Com a palavra, as Notas da Comunidade: “Qualquer mídia que dependa de dinheiro estatal, por definição, não é independente”. 

“Golpe tem que ter um líder, uma pessoa estimulando, tem que ter apoio de outras instituições interessadas, e não teve isso” – Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados (Republicanos-PB). No 8 de janeiro não teve, mas se você olhar outras datas, talvez encontre um golpe parcelado em suaves prestações. 

“Eu se fosse do Palácio do Planalto ficaria muito preocupada, e se fosse do Supremo ficaria ainda mais preocupada com essa declaração. É preciso saber melhor que personagem é esse que assume um poder tão grande” – Eliane Cantanhêde, sobre declaração de Hugo Motta. Já o povo, anda muito preocupado com uma imprensa que se preocupa com o Planalto e o Supremo em primeiro lugar. 

“Há uma grande confusão aí, que é você confundir o que é liberdade de expressão nos Estados Unidos, onde as pessoas podem falar o que quiserem, inclusive atacar outras pessoas, enquanto no Brasil não dá” – Ana Flor, comentarista de TV, reinterpretando a Constituição brasileira, que prevê que “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”.

“As declarações estavam amparadas pelo direito fundamental à liberdade de expressão. A tentativa de criminalizá-las configura uma violação aos princípios da livre manifestação” – petição da Advocacia Geral da União, sobre queixa-crime contra Fernando Haddad, que acusou, sem provas, o senador Flávio Bolsonaro de envolvimento com “rachadinhas”. Opa, então está liberado chamar político de ladrão? 

“Sim, e devem ser tratadas com dignidade e respeito” – Ashley Dalton, nova ministra da Saúde britânica, respondendo se pessoas que se identificam como ‘lhamas’ devem ser levadas a sério, em 2016. José de Abreu e Jean Wyllys já sabem onde pedir asilo da próxima vez que arrumarem confusão por suas cusparadas.

Ari Fusevick é brasileiro não-praticante, escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter “Livre Arbítrio” e do livro “Primavera Brasileira”.