“União entre homem e mulher é base da família” – Papa Leão XIV, em discurso para diplomatas. Chocando a poliafetiva família brasileira.
“Eu agi na hora da emoção, né? Eu não usei a razão, eu fui impulsivo naquele momento ali” – Cleitinho, senador (Republicanos-MG), se desculpando por pedir foto com a influenciadora Virgínia durante CPI das Bets. Dessa vez passa; mas não vá chamar o Neymar para depor na CPI do INSS só para pedir autógrafo na camisa.
“IBGE mostra como quase toda a população brasileira é miscigenada. Mas o padrão são homens europeus e mulheres africanas e indígenas. Somos mesmo descendentes do estupro” – Lilia Schwarcz, antropóloga e historiadora, distorcendo dados sobre a genealogia do brasileiro. Depois de ler essa análise, começo a suspeitar que a história incluiu também uma boa dose de consanguinidade.
“Estou a um passo de desistir” – Padre Fábio de Melo, cantor e influenciador digital, após repercussão negativa de vídeo seu que motivou demissão de gerente de loja. Um pequeno passo para um padre, mas um salto gigantesco para a paróquia.
“Não sobreviveria na cadeia” – Carla Zambelli, deputada federal (PL-SP), cassada e condenada a 10 anos de prisão pelo STF. O perigo é puxar uma solitária e acabar trancada com alguma desequilibrada.
“Não. Houve um excesso de judicialização da política e de politização da Justiça” – José Sarney, ex-presidente, sobre se o 8 de janeiro teria sido uma tentativa de golpe. Ou faltou aquela “sarneyzação” das instituições para abafar a crise.
“Brasil é um país curativo, não preventivo” – João Adibe, empresário do setor farmacêutico. Aqui a prevenção é vista como atentado ao improviso institucional.
“Usar maconha medicinal todos os dias mudou minha vida” – André Janones, deputado federal (Avante-MG). Mudou a vida de todos nós que temos que lidar com os efeitos colaterais.
O País do Futebol
“Pedrinho me traiu. E eu não tolero, porque eu nunca traí ninguém. A minha mulher eu já traí… posso ser todo errado, mas esse defeito eu não tenho”– Edmundo, o Animal, sobre relação com ex-companheiro e presidente do Vasco. É, nessa ele acabou se traindo.
“Não há conflito de interesse. Neste caso, [o IDP] estava organizando e cedendo seu bom prestígio à CBF, e não o contrário” – Gilmar Mendes, ministro do Supremo (STF-MT), sobre julgar casos da entidade com a qual sua empresa possui convênios. É o sujo emprestando prestígio para o mal-lavado.
“Torcedor modinha que não vai ao estádio gritar e fica em casa reclamando de tudo, eu não levo em consideração” – Roger Flores, comentarista do SporTV. No episódio de hoje de “Ofendendo a Audiência”.
“O Brasil é uma bagunça disfuncional. Boa sorte, Carlo Ancelotti” – Jack Lang, colunista do The Athletic, site esportivo do New York Times. Disseram a mesma coisa para o Cabral, e até hoje seguimos aqui, firmes e fortes.
“A política é cuidar da teta e não cuidar da vaca?” – Ricardo Jorge, diretor administrativo do Corinthians, sobre a reprovação das contas do clube paulista. O problema é que as tetas estão distribuídas pela base aliada, mas a vaca é prerrogativa exclusiva do Executivo.
Janja Livre
“Em nenhum momento eu calarei a minha voz. Não há protocolo que me faça calar”
Janja Lula da Silva, após causar incidente diplomático com a China por não conseguir controlar sua língua. Mas ela segue procurando um protocolo para calar a sua voz.
“Foi Lula quem pediu auxílio de Janja em conversa com Xi” – Mauro Vieira, suposto chanceler brasileiro. Lula não é mais o mesmo: até para falar bobagem ele precisa chamar a cuidadora.
“O Brasil desmonta suas universidades e exporta cérebros” – nota da Academia Brasileira de Ciências, criticando cortes do governo Lula. Alguém sabe para onde exportaram o da primeira-dama?
“O que Janja fez para merecer a Ordem do Mérito Cultural?” – pergunta esta Gazeta do Povo. Depois do vexame na China, ela passou uma semana muda. Se passar um mês, merece até o Nobel da Paz.
“Vamos combinar que eu tenho bom senso e me considero inteligente” – Janja Lula da Silva. Não se preocupe, um bom psiquiatra resolve tais delírios.
“Às vezes é exaustivo, porque eu tenho que passar a minha roupa, eu mesma faço o meu cabelo” – Janja Lula da Silva. Tadinha.
“Tudo o que eu escrevi para o meu marido em 580 dias de cadeia, de a gente ter uma vida, passear, de conhecer lugares juntos, eu ainda sonho em fazer” – Janja Lula da Silva. Da próxima, faz um favor para a gente: escreve para o Caldeirão do Huck em vez da carceragem da PF.
“Lula voa com galinha até 2026?” – Cláudio Hebdô, colunista da Folha. Isso se ele não for reeleito. Ou pedir o divórcio antes.
“Dilma só se elegeu porque era mulher do Lula” – Merval Pereira, jornalista. Agora entendi de onde vêm os bebês reborn.
Páginas policiais
“Cadê as pessoas da Cracolândia? A gente chega para acompanhar o fluxo e não encontra absolutamente ninguém” – mensagem do A Craco Resiste, movimento social, após ação que desbandou região de alto consumo de drogas em SP. Fecharam os manicômios, acabaram com a Cracolândia; fluxo agora só nos DCEs.
“Comando Vermelho ordenou trégua de crimes para reunião do G20 no Rio, revela Polícia Federal” – manchete do Jornal O Globo. Finalmente a volta da harmonia entre os poderes começa a dar resultados.
“Taxa de juros a 14,75% é um crime” – José Dirceu, ex-deputado federal e ex-presidiário. Ótimo, já ouvimos Dirceu sobre os juros, agora falta o parecer de Fernandinho Beira-Mar sobre a inflação.
“A extrema direita tem um ‘fetiche‘ por José Dirceu devido ao seu passado como ex-guerrilheiro e ao papel central que exerceu na consolidação da liderança de Lula” – Octavio Guedes, comentarista político. Como sempre, aquilo que o Guedes chama de “fetiche” causa ânsia de vômito no brasileiro médio.
“O Instituto Lula não é o melhor lugar para se discutir fraudes” – Michel Temer, ex-presidente. Aposto que o Temer é capaz de fazer um tour por Brasília mostrando os melhores points para essa prática.
“Eu me preocupo se uma CPMI, neste momento, não pode atrapalhar este processo de devolução dos recursos” – Jorge Messias, o “Bessias”, ministro do AGU, sobre a investigação da fraude bilionária no INSS. Vai que, ao investigar o roubo, você descobre que o responsável por devolver o dinheiro é exatamente quem o roubou?
“Não quero mais ser chamado de ‘Careca do INSS’” – Careca do INSS, em petição por calúnia contra site de notícias. Olha, podia ser pior… Podiam te chamar de “Gordão Fraudes”, “Shrek da Previdência”, “Terror das Aposentadas”… Deixa “Careca do INSS”, que até soa charmoso.
A Grande Família
“Agora está tendo o Eduardo Bolsonaro, que ele está ajudando também, e que não é barato morar nos EUA” – Gilson Machado, ex-ministro do Turismo, promovendo nova arrecadação via Pix para Jair Bolsonaro. A vantagem de ser ministro do STF é usar a desculpa de que o cartão internacional foi bloqueado para escapar de fazer o Pix da solidariedade.
“Quero lembrar que minha esposa pode ter a bolsa que quiser” – Eduardo Bolsonaro, deputado federal (PL-SP) exilado nos EUA, após sua esposa ser flagrada com bolsa de R$ 18 mil enquanto o pai pede doações para mantê-lo nos EUA. Antes de fazer o Pix, leia o regulamento do Programa Bolsa da Minha Família, para evitar mal-entendidos.
“Prefiro o Lula” – Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social, rejeitando Michelle Bolsonaro como candidata em 2026. Lealdade de verdade: ele vai até no Lula, mas nunca na mulher do patrão.
“Foi a melhor época do Brasil para a maioria dos mais velhos” – Jair Renan Bolsonaro, vereador de Balneário Camboriú (PL-SC), sobre a ditadura militar. Convenhamos, um Brasil sem Jair Renan tinha lá suas vantagens.
2026 é logo ali
“Direita discute se Tarcísio será um bebê Jair reborn ou um bebê Temer reborn” – Celso Rocha de Barros, sociólogo. A esquerda já decretou: o bebê rouborn do Planalto continua sem previsão de desmame.
“O ano que vem nós vamos dar trabalho pra essa extrema direita escrota que está aí” – Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Vão dar muito trabalho, sim – inclusive o seu.
Cantinho da Corte
“O tribunal tem a seu favor, talvez, uma maioria silenciosa. E tem contra si, talvez, uma minoria bastante barulhenta” – Gilmar Mendes, justificando avaliação negativa do STF. Em vez de inventar torcida imaginária, excelência, use a criatividade para descobrir como uma corte “apolítica” caiu nessa situação.
“Não vou permitir que faça circo no meu tribunal” – Alexandre de Moraes, ministro do Supremo (STF-SP), alertando advogado durante julgamento do suposto golpe. Perdão, meritíssimo: entrei, vi o Homem-Elefante, a Mulher-Borracha, um engolidor de espadas e um palhaço presidindo… Pensei que fosse um picadeiro. Engano honesto.
“Cada integrante do grupo recebeu um codinome de um país, um pouco no estilo La Casa de Papel” – Alexandre de Moraes, citando série da Netflix durante julgamento do suposto golpe. Quando não se encontram os preceitos na Constituição, o jeito é recorrer à jurisprudência da ficção.
“Nunca soube de tirano anunciar ser contra a democracia” – Cármen Lúcia, ministra do Supremo (STF-MG). Eu também nunca tinha ouvido falar de democrata que defende censura, mas a vida é cheia dessas surpresas.
“Há uma grande possibilidade de acontecer” – Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, sobre sanções a Alexandre de Moraes. As próximas 72 horas prometem…
“Sanção de Trump a Moraes é inadmissível e gerará solidariedade” – Ministros do STF, em declarações anônimas à jornalista Mônica Bergamo. Ninguém larga a toga de ninguém.
“O STF causou dano profundo e duradouro à integridade da advocacia e da Justiça no Brasil” – relatório da Transparência Internacional. Um pequeno preço a se pagar para salvar a democracia, seus anexos e penduricalhos.
“[Paulo Figueiredo] atenta contra a democracia no Brasil, sem ter coragem de viver no Brasil” – Alexandre de Moraes, sobre jornalista brasileiro exilado nos EUA. Parece que, para ele, a democracia é o regime onde o povo tem medo do governo.
“O cidadão diz que eu sou um ‘canalha’. Aí ele me chama de ‘rocambole do inferno’” – Flávio Dino, ministro do Supremo (STF-MA). Não se deixe abalar, ministro, você é maior que isso.
Ari Fusevick é brasileiro não-praticante. Escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter “Livre Arbítrio” e do livro “Primavera Brasileira“.
noticia por : Gazeta do Povo