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Cuiaba - MT / 27 de fevereiro de 2025 - 18:24

Delegados são investigados por viagem a Las Vegas paga por fintech ligada ao PCC

Três delegados e um agente da Polícia Civil são investigados por terem viajado com despesas pagas pela empresa 2GO Bank, fintech que foi apontada em investigação do Ministério Público de São Paulo como instrumento de lavagem de dinheiro da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Os delegados Paulo Alberto Mendes Pereira, Paulo Eduardo Pereira Barbosa e Luiz Alberto Guerra e o investigador Bruno Souza Rechinho viajaram a Las Vegas, nos Estados Unidos, entre os dias 1º e 14 de agosto do ano passado. A investigação foi noticiada pelo site Metrópoles e confirmada pela Folha.

Em Las Vegas, os policiais civis participaram das conferências Blackhat e Defcon 32, que estão entre os principais eventos mundiais da área de segurança digital. A autorização de afastamento dos policiais, no Diário Oficial do Estado, registra que eles não tiveram desconto nos salários por causa da viagem, mas que ela ocorreu “sem quaisquer outros ônus para o Estado”.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a viagem dos policiais é investigada desde novembro do ano passado, quando foi preso pela primeira vez o policial civil Cyllas Salerno Elia Júnior, que é dono da 2Go Bank.

Elia Júnior foi preso novamente na última terça-feira (25) durante a Operação Hydra, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e da Polícia Federal, por suspeita de que tenha operado um esquema de lavagem de dinheiro de integrantes do PCC.

Procurada pela Folha na última terça, a 2GO Bank não respondeu questionamentos. A reportagem tenta contato com os delegados e o investigador que viajaram a convite da fintech.

Além dessa viagem, o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, já participou como palestrante de um evento sobre segurança cibernética organizado pela 2GO Bank em outubro de 2023. Dian foi apresentado como um dos destaques da programação, além do delegado Carlos Afonso, do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), e do promotor Richard Encinas.

Segundo o Gaeco, integrantes do PCC repassaram milhões de reais à 2GO e à Invank com a intenção de investir na compra de imóveis e, assim, apagar a origem ilegal do dinheiro. Isso ocorreria por meio de uma intricada rede de empresas de fachada: após receber o dinheiro sujo, as fintechs depositavam os valores em contas de laranjas que eram operadas pelas próprias empresas, segundo a investigação.

Representação apresentada por promotores do Gaeco diz que a 2GO Bank faz parte de um “sistema bancário ilegal que teria lavado cerca de R$ 6 bilhões”, movimentando dinheiro no Brasil, nos Estados Unidos, no Paraguai, no Peru, na Holanda, na Argentina, na Bolívia, no Canadá, no Panamá, na Colômbia, na Inglaterra, na Itália, na Turquia, em Dubai e, sobretudo, em Hong Kong e na China.

As duas fintechs teriam recebido dinheiro de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, e Rafael Maeda, o Japa. Ambos são apontados em investigações como associados ao PCC.

Cara Preta já foi identificado como liderança da facção em investigações da Polícia Civil e do Ministério Público e foi morto a tiros em dezembro de 2021. Japa tinha participação em empresas agenciadoras de jogadores de futebol e foi achado morto com tiro na cabeça, dentro de um carro, em agosto do ano passado. Ele era investigado por suspeitas de lavagem de dinheiro do PCC no agenciamento de jogadores de futebol, esquema que tinha sido delatado por Gritzbach.

O Ministério Público aponta que a movimentação financeira por meio de laranjas era necessária pois imobiliárias e construtoras exigem que a negociação seja feita por transação bancária —dinheiro vivo não costuma ser aceito.

A investigação teve início a partir do acordo de delação premiada de Antônio Vinicius Lopes Gritzbachassassinado com tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de Guarulhos em novembro do ano passado— com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

Gritzbach afirmou num depoimento que teve uma reunião com Japa na sede da 2GO Bank, e que ele se apresentava como sócio da fintech, embora seu nome não constasse no quadro societário da empresa.

noticia por : UOL

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Cuiaba - MT / 27 de fevereiro de 2025 - 18:24

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