Como empresas não se questionaram diante da quantidade de casos? Como elas não começaram por contra própria uma checagem juntos aos clientes? Pelo contrário, continuam permitindo que aposentados e pensionistas tenham seus benefícios saqueados por um esquema que só existe porque eles, os bancos, decidiram fazer a egípcia. Isso não é “falha do sistema”. É conivência.
Os golpistas por trás desses descontos ilegais só agem porque encontram portas abertas. Os bancos, que deveriam ser os guardiões do dinheiro de seus clientes, mantêm sistemas frágeis de verificação, permitindo que cobranças suspeitas sejam debitadas sem questionamento. Tudo isso poderia ser evitado se os bancos implementassem verificações básicas, como confirmação por voz para clientes idosos.
Bancos reconhecem que um débito automático pode ser feito mesmo sem aprovação do titular da conta, bastando que a empresa de cobrança envie o pedido com dados de identificação e conta bancária. Dizem que enviam comunicações aos clientes, mas de forma digital, ignorando que muitos aposentados são praticamente analfabetos digitais.
A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) diz que não compactua com qualquer prática ilícita ou abusiva contra o consumidor e joga a batata quente para o Banco Central ao se escorar em regras relativas ao serviço de débito automático para conta corrente. Elas apontam que, em caso de não reconhecimento desse débito, o cliente deve procurar o banco que originou essa despesa e pedir a suspensão desse pagamento. E brigar com as empresas que debitaram, não com o banco, claro.
Novamente, ignorando que o cliente em questão, não raro, não nem onde fica a tal da internet.
Novamente: os bancos sabem que a sacanagem ocorre usando sua estrutura porque são processados e condenados por conta disso. Ao afirmar que fazem apenas o que pedem as regras do Banco Central, claramente ultrapassadas, as instituições dizem: “olha eu sei que vocês estão sendo tungados, mas como o governo não me pune se eu não for além do feijão com arroz, se virem nos 30”.
noticia por : UOL