Os comércios de Cuiabá estão a todo vapor para a venda de materias na volta das aulas escolares. De acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), é aguardado um incremento na economia próximo a 7%. As lojas do setor de papelaria estão com movimento intenso e com as listas prontas para serem riscadas. Apesar de o mercado já estar aquecido, o setor espera ainda mais vendas.
“Têm muitos clientes que estão antecipando. Mas acredito que, nos últimos dias, aí o ‘trem’ vai ‘bombar’ mesmo”, aguarda Valmir Batista, gerente de uma das lojas mais procuradas no setor de papelaria, instalada na avenida XV de Novembro, no Porto, no mercado já há mais de 10 anos.
Os estabelecimentos costumam investir nos produtos para ofertar em janeiro, quando os responsáveis vão às compras de materiais escolares. Este ano, o investimento acabou sendo um pouco maior, por conta do aumento de preços de alguns produtos. “Principalmente na parte de papel. Papel, tem algumas indústrias que estão em falta de matéria prima. Isso fez com que acontecesse o aumento. Caderno, tudo que é relacionado a papel, teve aumento”, acrescenta Vilmar, informando que o valor precisou ser repassado aos consumidores.
Cristhian Costa é gerente de compras de outra grande loja de materiais escolares na região do Porto e conta que ele também percebeu o aumento no valor dos produtos. “A gente tem que ser justo na hora da compra”, reforça o gerente, ao falar que a compra diretamente com os fornecedores deve ser observada para o valor não ficar discrepante do mercado.
Do outro lado, estão os pais e responsáveis, que entre um pedido e outro dos filhos, tentam equilibrar os gastos. Este ano, houve um alívio: a lista escolar sofreu queda na quantidade de itens. Isso acabou agradando os responsáveis na hora de ir às compras para os filhos. “Este ano, eu percebi que diminuiu um pouco. Eu achei até acessível”, conta a empresária Débora Thais da Silva, aliviada.
A advogada Luana Zapello tem um filho pequeno. Ela fala que o fato de a quantidade de itens ter diminuído, facilitou um pouco na hora de equilibrar as compras. Mas, apesar das listas, o pedido do filho diz não ter como evitar. “Pede, principalmente caderno com capa de personagens pra mostrar pros coleguinhas. Mochila, essas coisas, todo ano tem que comprar, não tem jeito”, conta Luana.
A advogada ainda negocia com o filho. Ela deixa para ele escolher cadernos e a mochila. “Aí, eu faço pesquisas de preços, que daí eu já peço mochila pela internet”, conta Luana, ao falar da vantagem, já que o valor sai mais em conta.
Débora Thais da Silva levou os dois filhos, de 8 e 12 anos, para as compras. Ela também dá as opções e tenta negociar com eles. “Eles sempre escolhem o que querem. […] só dou uma ‘podadinha’ no valor, se não, eles querem levar tudo que eles veem”.
Por conta dos pedidos dos alunos, o comércio também precisa estar antenado para acompanhar as mudanças nas preferências. “Hoje, a gente tem muita variedade de caneta, de caderno, de ‘post-it’, de caneta colorida”, revela Cristhian Costa, gerente de compras, ao falar que os estabelecimentos devem estar atualizados nas tendências.
ALERTAS E DICAS
Para esta época do ano, o Procon de Mato Grosso faz alguns alertas aos responsáveis pela compra dos materiais escolares. Segundo a legislação brasileira, é proibido que os estabelecimentos de ensino incluam itens de uso coletivo na lista de material escolar. Entre esses itens estão álcool, algodão, material de limpeza, copos, pratos e talheres descartáveis, canetas para lousa, fita, etc.
“Esses custos devem ser incluídos no valor das anuidades ou das semestralidades escolares”, informa a secretária adjunta do Procon-MT em exercício, Valquíria Souza, salientando que são nulas quaisquer cláusulas contratuais que obriguem o pagamento adicional ou fornecimento de qualquer item desta categoria.
Valquíria informa também que os colégios não podem exigir ou especificar marcas de produtos, nem direcionar local para as compras. “Ela [a escola] deve fornecer a lista e os responsáveis têm o direito de fazer pesquisa de preço e só escolher comprar”, reforça Valquíria.
A advogada Luana Zapello praticou o direito da pesquisa. Ela conta que há um grupo de pais onde trocam ideias e dicas de locais mais em conta para fazer compras de material escolar. A indicação ocorre geralmente por parte dos responsáveis, sem a interferência da escola. “Entre a gente, a gente manda tudo no grupo. ‘Ah, fui em tal lugar, em tal lugar’. Faz o orçamento e manda lá”.
Outra dica do Procon é o diálogo na comunidade de pais e responsáveis, para que os melhores lugares e preços sejam compartilhados.