Os negociadores devem se reunir novamente no Catar nesta terça-feira (14/1) para tentar fechar uma decisão sobre o fim do conflito na Faixa de Gaza e a libertação de reféns. Palestinos inspecionam o local de um ataque israelense a uma casa, em meio ao conflito em curso entre Israel e o Hamas, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza.
Reuters via BBC
Mais de 15 meses após o início da guerra em Gaza, há sinais de que Israel e o Hamas podem estar à beira de um acordo de cessar-fogo, com uma retomada do diálogo nas últimas horas.
Os negociadores devem se reunir novamente no Catar nesta terça-feira (14/1) para tentar fechar uma decisão sobre o fim do conflito na Faixa de Gaza e a libertação de reféns.
Uma autoridade palestina familiarizada com as negociações disse ao jornalista Rushdi Abualouf, da BBC News, que, pela primeira vez na guerra, delegações de Israel e do Hamas estão conduzindo conversas indiretas no mesmo prédio.
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O Hamas também teria retirado condições para que as tropas israelenses deixassem a Faixa de Gaza.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que um acordo estava “à beira” de se concretizar, enquanto uma autoridade israelense também declarou à agência de notícias Reuters que um acordo era possível em “horas, dias ou mais”.
No entanto, Majed Al-Ansari, do Ministério das Relações Exteriores do Catar, afirmou que não haverá nesta terça-feira uma declaração ou um anúncio de cessar-fogo.
“É muito difícil” especificar um prazo, segundo ele, mas “estamos o mais perto possível, comparado a qualquer momento anterior, de chegar a isso”, acrescentou.
“Podemos confirmar que os dois rascunhos foram entregues a ambas as partes”, afirmou Al-Ansari.
A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1.200 pessoas foram mortas e outras 251 levadas para Gaza como reféns
Israel lançou uma ofensiva militar em resposta, e o Ministerio da Saúde de Gaza administrado pelo Hamas diz que mais de 46.500 pessoas foram mortas na região durante a guerra.
O que envolveria o acordo de cessar-fogo?
Ao revelar alguns detalhes potenciais do acordo, um alto funcionário palestino disse à BBC que “as discussões técnicas detalhadas levaram um tempo considerável”.
Ambos os lados concordaram que o Hamas libertaria três reféns no primeiro dia do acordo, após o qual Israel começaria a retirar tropas de áreas de Gaza.
Sete dias depois, o Hamas libertaria quatro reféns adicionais, e Israel permitiria que pessoas deslocadas no sul retornassem ao norte — mas apenas a pé, pela estrada costeira.
Carros, carroças puxadas por animais e caminhões teriam permissão para cruzar uma passagem adjacente à rua Salah al-Din, monitorada por uma máquina de raio-X operada por uma equipe de segurança técnica do Catar e do Egito.
O acordo inclui disposições para que as forças israelenses permaneçam num local chamado corredor Filadélfia e mantenham uma zona de proteção de 800 metros ao longo das fronteiras leste e norte durante a primeira fase do cessar-fogo, que durará 42 dias.
Israel também concordou em libertar mil prisioneiros palestinos, incluindo aproximadamente 190 que cumpriam penas de 15 anos ou mais. Em troca, o Hamas libertará 34 reféns.
As negociações para a segunda e terceira fases do acordo começariam no 16º dia do cessar-fogo.
Iminente posse de Trump traz pressão sobre prazo
O presidente americano Joe Biden disse que estava ao telefone com os principais líderes da região para pressionar sobre o fechamento o acordo.
Ele declarou que um acordo é iminente.
“Estamos finalmente à beira de concretizar uma proposta que apresentei em detalhes meses atrás. Aprendi, em muitos anos de serviço público, a nunca, nunca, nunca, nunca desistir”, afirmou Biden na frente de membros do gabinete e diplomatas seniores do Departamento de Estado dos EUA.
A estrutura deste acordo foi definida por Biden há quase oito meses, que foram marcados por momentos de quase ruptura e praticamente o fim das negociações, uma vez que cada lado culpava o outro e aumentava as demandas.
Os enviados de Biden e do presidente eleito Donald Trump estão agora em Doha, no Catar.
Para o jornalista Tom Bateman, da BBC News, a realidade é que a iminente posse de Trump pressionou os prazos.
Para eles, o novo presidente traz menos certezas para as delegações de Israel e do Hamas de que os termos atuais do cessar-fogo permaneceriam em vigor e manteriam os EUA como fiador.
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Fonte: G1