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Cuiaba - MT / 11 de fevereiro de 2025 - 16:35

Apesar da queda geral, furtos sobem na maior parte da cidade de São Paulo

No ano passado, São Paulo registrou redução tanto no número de furtos quanto no de roubos, na comparação com os dados de 2023. Mas essa diminuição se deu de maneira desigual nos diferentes bairros da cidade.

Uma análise dos números por distrito policial (ou seja, pela área atendida por cada uma das 93 delegacias paulistanas) mostra que os furtos caíram principalmente no centro e em trechos da zona leste, crescendo na maior parte do resto do município.

Ao todo, os furtos subiram em 51 distritos, e caíram em 42 —em toda a cidade, a redução foi de 3,8%, caindo de 250.825 casos no ano retrasado para 241.369 em 2024.

O campeão de queda foi Cidade Dutra, na zona sul, com diminuição de 40,3%, seguido de Campos Elíseos, no centro, com queda de 36,4%. Já os maiores aumentos ocorreram nas áreas dos distritos de Monções (35,5%), Campo Limpo (20,7%) e Vila Brasilândia (19,1%).

Já os roubos tiveram uma queda mais homogênea, com pontos de aumento em trechos das zonas oeste, norte e sudeste. Em 16 distritos houve aumento, enquanto 77 tiveram queda. A redução no geral foi de 13,6%, com 115.172 roubos na capital no passado, contra 133.324 contados em 2023.

Os maiores aumentos de roubo ocorreram em Itaquera (17,8%), Alto da Mooca (16,8%) e Belém (15,7%).

Quando é feito o recorte pelas seccionais (que abranem áreas de diversos distritos em uma mesma região da cidade), a do centro teve as maiores reduções de roubos (-27,7%) e furtos (-16,1%).

Já a menor redução de roubos (-4,5%) ocorreu na quinta seccional, que abriga parte do leste paulistano. Os furtos, por outro lado, cresceram em quatro seccionais, sendo que o maior aumento foi na quarta (na zona norte), com 7,4%.

Em 61 distritos houve mais furtos registrados no ano passado —o segundo sob Tarcísio de Freitas (Republicanos)— do que em 2022, o último antes do início da atual gestão.

A redução mais acentuada na parte central da cidade reflete uma injeção de recursos da Operação Delegada na região, segundo o conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Alan Fernandes. “Os números vão mostrar um processo político que aconteceu em 2024 muito forte. No que isso repercutiu? Aumento exponencial de policiais na maior parte dessas áreas com queda desses crimes, olhando principalmente para roubo.”

Essa estratégia, que depende de recursos da prefeitura paulistana para pagar as diárias, pode não ser financeiramente sustentável por muito tempo, afirma o pesquisador.

Segundo a prefeitura da capital, foram pagos R$ 343 milhões em diárias, com 791.336 vagas preenchidas. O valor de 2023 —R$ 274,08 para praças e R$ 328,88 para oficiais— foi elevado pela prefeitura, em 2024, para R$ 339,45 para praças e R$ 407,34 para oficiais.

Uma medida para coibir esses crimes violentos seria a priorização contínua do policiamento por manchas criminais, acompanhando a variação das ocorrências e alocando equipes de acordo com essa demanda. O pesquisador defende, ainda, uma recomposição dos efetivos policiais.

Segundo o assessor militar da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, o tenente-coronel Rodrigo Vilardi, a redução no centro também é favorecida pela atividade delegada, mas essa é uma das medidas adotadas pelas polícias.

Ele também cita o aumento de prisões por meio do envio aos policiais na rua de informações criminais sobre procurados ou pessoas que estão em liberdade condicional ou em saída temporária. Assim, os agentes podem checar se há alguma irregularidade e fazer a recaptura, diz Vilardi. “Na capital como um todo houve, em 2022, 36,7 mil infratores presos em flagrante ou por mandado. Em 2023, isso salta para 41 mil e, em 2024, para 43,4 mil.”

Já a observação da mancha criminal é uma atividade rotineira dos comandantes, segundo o assessor militar.

Os distritos que passam por alta em roubos, como Pinheiros, Ipiranga, Alto da Mooca e Belém, de acordo com Vilardi, serão prioridade na instalação de câmeras do Muralha Paulista, que serão de 200 a 500 no primeiro semestre deste ano. Mais equipamentos serão adquiridos no segundo semestre, com a integração também de câmeras de concessionárias e empresas de transporte, como Metrô e CPTM.

Segundo Vilardi, a gestão Tarcísio também tem investido em efetivo, com reajuste médio de 20,2% para membros das polícias, nomeação de 9.200 profissionais e R$ 750 milhões investidos em novas armas, viaturas, equipamentos e reformas e construção de unidades policiais.

Já os furtos, por terem muitos tipos de dinâmica, diz Fernandes, do Fórum, exigem estratégias locais, variando com o distrito e até com o tipo de crime —de celular, de veículo, de registro de água e de relógio, entre outros.

Para o coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, Rafael Rocha, há uma opção na segurança por valorizar o policiamento ostensivo. Essa opção está indicada em fortalecimento especialmente da Polícia Militar, com investimento em estrutura, como viaturas.

Para enfrentar furtos, ele defende que a investigação atinja a cadeia por trás dos objetos levados por criminosos, como os celulares. “É super importante ter policial militar na praça, mas mais importante é ter uma investigação robusta que consiga tornar essa prática menos economicamente rentável. O celular roubado hoje não é um celular, é um mundo de possibilidades em que o cara pode lucrar em cima de você.”

Vilardi, da SSP, diz que São Paulo é o estado que mais recupera celulares entre as unidades da federação, e que as investigações têm foco no combate à lavagem de dinheiro e na recuperação do dinheiro do crime.

Ele afirma também que cerca de metade dos presos por furto na capital são liberados após audiência de custódia, e mesmo os que já foram condenados conseguem responder em regime aberto. “Então, a questão do furto, além de todo esse processo de investimento e de ações, de prevenção e de repressão, nós precisamos trabalhar em conjunto com o sistema de justiça criminal.”

O tenente-coronel destaca ainda a redução de homicídios dolosos, que caíram para a taxa de 6 por 100 mil habitantes.

noticia por : UOL

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Cuiaba - MT / 11 de fevereiro de 2025 - 16:35

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