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Cuiaba - MT / 16 de junho de 2025 - 10:31

Programas nucleares de Israel e Irã: o que se sabe sobre cada um


Especialistas e organizações acreditam que israelenses têm 90 ogivas armazenadas e Irã, capacidade para desenvolvê-las, embora precise de tempo para tanto. Nenhum dos dois países admite publicamente usar a tecnologia nuclear para fins bélicos. Ciclista passa em frente ao prédio do reator da usina nuclear de Bushehr, nos arredores da cidade de mesmo nome no sul do Irã, em foto de 26 de outubro de 2010
Majid Asgaripour/Mehr News Agency via AP
Israel e Irã detêm, em níveis diferentes, capacidade para desenvolver armas nucleares, mas é improvável que elas sejam usadas no presente conflito, segundo especialistas e organizações internacionais.
Mas o que se sabe sobre o programa nuclear dos dois países?
Israel
Israel tem 90 ogivas nucleares, segundo duas organizações que monitoram esses armamentos: a Federação dos Cientistas Americanos (FAS, na sigla em inglês) e o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês).
O número coloca Israel como detentor do 8º maior arsenal nuclear do mundo, entre os 9 países com essa capacidade.
As ogivas israelenses são classificadas pela FAS como armazenadas. Isso significa que elas não estão instaladas em lançadores – apenas EUA, Rússia, França, Reino Unido e China possuem armas nucleares nessas condições.
Israel, entretanto, nunca admitiu publicamente ter essas armas.
“A busca por manter certo grau de incerteza sobre o programa nuclear serve principalmente a duas estratégias: servir como uma forma de dissuasão contra potenciais adversários, principalmente porque Israel está em uma região cujas dinâmicas são extremamente conflitivas; e minimizar em algum grau a pressão internacional sobre o seu programa nuclear”, diz.
Irã
Principais instalações nucleares do Irã
Arte/g1
Não há confirmação de que o Irã tenha armas nucleares. O consenso entre institutos de pesquisa e organizações dedicadas à não proliferação nuclear, no entanto, é que o país tem a capacidade de desenvolvê-las, ainda que precise de tempo.
Autoridades do país já comentaram publicamente a possibilidade de uso bélico da energia nuclear.
Em 2022, o ex-ministro das Estradas e Desenvolvimento Urbano do Irã, Mohammad Eslami afirmou que o país tem capacidade técnica para desenvolver uma bomba atômica, “mas não existe tal plano na agenda”.
Em março de 2025, um conselheiro do líder supremo do Irã afirmou que o país não busca ter uma arma nuclear, mas que “não terá outra opção” senão desenvolvê-la se for atacado pelos Estados Unidos.
Irã começou programa nuclear com apoio dos EUA; relembre
Signatário do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares desde que ele foi criado, em 1968, o Irã vem sofrendo sanções desde 2003 por descumpri-lo.
Em troca do alívio dessas sanções, o país firmou um acordo em 2015 com o grupo que ficou conhecido como P5+1 (Estados Unidos, China, França, Rússia, Reino Unido e Alemanha).
Em 2019, entretanto, o Irã deixou de cumprir sua parte do plano – os EUA haviam se retirado do acordo um ano antes, durante o 1º governo de Donald Trump.
Na quarta-feira (12), pela primeira vez em quase 20 anos, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que o Irã estava descumprindo o tratado de não-proliferação de armas nucleares.
A afirmação se segue a um relatório divulgado em 2024 no qual a AIEA reclamou de não ter autorização a monitorar adequadamente a infraestrutura nuclear do país – em julho de 2022, por exemplo, o Irã desligou as 27 câmeras de vigilância colocadas em instalações nucleares do país pela agência da ONU.
As estimativas sobre quantas bombas o Irã seria capaz de produzir variam.
Em 2019, o Serviço de Pesquisa do Congresso Norte-Americano (CRS, na sigla em inglês) afirmava que o Irã tinha urânio enriquecido suficiente para produzir pelo menos 8 bombas nucleares. O número é semelhante aos 9 citados pelo premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, ao justificar os ataques desta semana.
Em 2024, a agência de notícias France Presse disse que um relatório confidencial da AIEA indicava que o Irã tinha material suficiente para fabricar várias bombas atômicas, sem especificar o número.
Um relatório confidencial da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) divulgado pela agência de notícias AFP em fevereiro de 2024, também indica que o Irã tem 712,2 kg de urânio enriquecido em 20% e de 121,5 kg em 60% — que se aproximam dos 90% necessários para fabricar uma bomba atômica.
Michelly Geraldo explica que a quantidade de urânio necessária para produzir uma bomba nuclear depende do tipo de bomba e da quantidade de quilotons — unidade de energia usada para medir o poder de destruição de uma bomba.
“Com menos de 10 kg de urânio enriquecido a pelo menos 85% ou 90% é possível fazer uma bomba. Há bombas que precisam de 25 kg de urânio, por exemplo. Tudo depende do enriquecimento”, afirma.
Uso de armas nucleares é improvável
Para Michelly, o uso de armas nucleares por Israel no presente conflito é improvável por causa das consequências da radiação para os países no entorno e o próprio território israelense. “Esse seria o último recurso de um país como Israel”, diz.
O professor de relações internacionais Vitelio Brustolin concorda.
“O uso de armas nucleares nunca é descartado, mas é altamente improvável, nesse caso. O mais provável é que sejam usadas armas convencionais, inclusive porque tanto o Irã quanto Israel têm estoques grandes de armas convencionais”, disse.
Armas nucleares pelo mundo
INFOGRÁFICO – Arsenal nuclear da Índia e do Paquistão
Arte/g1
De acordo com o Anuário Sipri 2024, produzido pela organização, nove países têm armas nucleares: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, República Popular Democrática da Coreia (Coreia do Norte) e Israel.
O levantamento do instituto apontou que existem no mundo, pelo menos, 12.241 ogivas nucleares até março de 2025, quantidade superior às 12.121 ogivas registradas pelo Sipri em 2024. Veja no mapa abaixo onde estão localizadas cada bomba nuclear.
O Sipri apontou, ainda, que os programas de milhões de dólares que visam modernizar as bombas nucleares, como os dos Estados Unidos e da Rússia, levam os países a fugirem do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), criado em 1968.
O TNP tem como objetivo impedir a propagação de armas nucleares e o desarmamento internacional, ao mesmo tempo que viabilizar a utilização pacífica da energia nuclear e promover o objetivo do desarmamento.
“Os países parecem se afastar cada vez mais do seu compromisso com o desarmamento nos termos do tratado”, diz Wilfred Wan, Diretor do Programa de Armas de Destruição em Massa do SIPRI, no documento.
source
Fonte: G1

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