No Tablado Mário de Andrade da Feira do Livro de São Paulo, o filósofo e colunista deste jornal Luiz Felipe Pondé apresentou seu novo livro, “Da Alma aos Ossos”, em uma conversa que uniu reflexões existenciais e crítica social. O papo aconteceu no espaço da Folha no Tablado Literário.
Médico por quase metade da graduação —cursou cinco anos de medicina antes de migrar para a filosofia—, Pondé contou que o desejo de participar do debate público acompanha sua trajetória desde os tempos universitários, quando já percebia a tensão em certas dinâmicas do seu trabalho. “A academia pode ser um lugar violento”, disse, ao comentar como o ambiente intelectual nem sempre acolhe vozes dissonantes.
Seu novo livro trata do que Pondé chamou de “mercantilização da subjetividade”, tema que atravessa também seus ensaios e colunas. “Culturas são produções objetivas do espírito”, afirmou.
Para Pondé, vivemos em uma época marcada por um mal-estar muito semelhante àquele anunciado por Freud —um estado de inquietação generalizada alimentado pela imposição constante de uma felicidade performática. “Há uma cultura produzida o tempo todo a partir de um movimento falso de felicidade, daí o mal-estar”, explicou.
Em tom crítico, o filósofo também alertou para os perigos do otimismo desmedido. “Deveríamos ter cuidado com o otimismo, pois não sabemos de onde vem, pelo menos em termos psíquicos”, disse, sugerindo que certas esperanças podem ser menos fruto de lucidez e mais resultado de negação.
Segundo Pondé, seu posicionamento afirma-se contrário aos imperativos de bem-estar e leveza que dominam parte do discurso atual, propondo uma leitura que reconhece o mal-estar como parte da experiência contemporânea.
A 4ª edição da Feira do Livro de São Paulo teve início neste sábado (14), na praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu.
noticia por : UOL