Atentar-se à postura e alongar o pescoço pode ajudar quem usa muito o celular; veja exercícios

Se olhar em volta de um lugar movimentado, talvez veja várias pessoas olhando para baixo, diretamente para a tela de um celular. Talvez até mesmo agora, lendo este texto, o seu pescoço esteja inclinado. Especialistas explicam que ao olhar para a tela do aparelho, a cabeça se inclina e o pescoço é projetado para frente, desalinhando a coluna.

Essa postura tensiona os músculos das costas e dos ombros e, se realizada constantemente —o que a maioria faz— pode vir a se desenvolver na Síndrome do Pescoço de Texto. “Isso pode fadigar a musculatura cervical, comprimindo os discos intervertebrais e até diminuindo o fluxo sanguíneo cerebral”, diz Marcos Cortelazo, ortopedista membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).

Fernando Jorge, também ortopedista membro da SBOT, explica que essa postura sobrecarrega a região cervical. Isso acontece porque a cabeça geralmente pesa 4,5 kg, mas, se inclinada para frente, pode chegar a exercer um peso de 27 kg no pescoço.

Segundo os especialistas, os maiores riscos são que as questões posturais podem se tornar estruturais da coluna, gerando dores crônicas e até hérnias. Além disso, pode gerar danos à coluna, como artrose, bicos de papagaio e reduzir a expansão torácica, o que pode prejudicar a respiração.

Para evitar que o caso avance e necessite de uma intervenção médica, é preciso perceber os hábitos diários e fazer algumas mudanças, como elevar o celular na altura dos olhos e fazer pausas ao longo do uso. Praticar alongamentos pode ajudar a evitar problemas crônicos.

Alongamentos para usuários de celular

Em comemoração aos 40 anos do livro “Alongue-se”, do especialista em alongamentos Bob Anderson e da ilustradora Jean Anderson, os autores lançaram uma atualização que traz exercícios de alongamento para aqueles que costumam usar com frequência o celular.

Bob, que criou o livro para ajudar aqueles que não tinham o hábito de se exercitar , acredita que qualquer pessoa pode ser boa em se alongar, basta conhecer o próprio corpo e não se comparar com outras pessoas. “Conforme seu corpo se acostuma a fazer alongamentos, ele começará a se alongar um pouco mais. Mas não force no início, se não ficará mais rígido”, diz.

Ele defende que começar a se alongar pode fazer as pessoas buscarem uma vida mais ativa, o que é chave para a saúde, principalmente em tempos em que trabalhamos muito sentados, no computador ou no celular.

“Ficar olhando para baixo o tempo todo arruína a sua postura. Se você for ficar muito tempo no telefone, aprenda sobre três ou quatro alongamentos que parecem funcionar para você, que tenham a ver com a parte superior do seu corpo”, aconselha.

Os movimentos descritos no livro podem ser feitos sentados ou em pé. Se estiver sentado, pode ajudar levar os ombros próximos às orelhas e segurar por cinco segundos, repetindo duas vezes. Inclinar a cabeça na lateral, aproximando a orelha esquerda do ombro esquerdo, e depois para o outro lado, também ajuda.

Outra forma de se alongar, se estiver sentado, é esticando os braços para cima, unindo as mãos, e depois inclinando o corpo para os dois lados. Se puder, tente tocar seus pés, levando a cabeça em direção a eles. Você pode fazer os movimentos em pé também.

Além dos alongamentos, o autor do livro destaca a importância de tirar momentos para relaxar longe do celular, para que o cérebro possa fazer uma pausa. Para ele, tirar uma parte do seu dia para se movimentar ajuda não só na saúde física, mas também na mental.

No entanto, se as pequenas mudanças nos hábitos não resolverem as dores, os médicos recomendam buscar a avaliação de um especialista e verificar se não há nenhum dano à coluna.