Moradores e comerciantes de Perdizes, na zona oeste de São Paulo, estão em alerta após o aumento de relatos sobre a presença de escorpiões na região. Os casos se concentram principalmente na rua Palestra Itália, em frente ao estádio Allianz Parque.
Uma vendedora que trabalha em uma loja de roupas no local conta que encontrou um escorpião no chão do estabelecimento nesta terça (13). Ela quase tocou no animal ao confundi-lo com uma folha seca e só percebeu o risco quando ele se mexeu. A funcionária, que costuma sentar no chão durante os intervalos, afirma que desde o ocorrido tem evitado essa prática.
O chef de cozinha Paulo Afonso, 35, descreve que no dia 1º de maio, por volta das 7h, estava em seu apartamento com a filha e o sobrinho e, mexendo nas plantas da varanda, sentiu uma fisgada. Percebeu em seguida que se tratava de uma picada do aracnídeo.
Ele permaneceu em casa até 17h, quando os sintomas se intensificaram. “Pensei que eu ia morrer. Começou a me dar falta de ar, muita tremedeira, suadeira”, conta. Ele foi até um posto de saúde, onde tomou o soro antiescorpiônico. Na volta, familiares foram no apartamento e encontraram mais um escorpião. “Meu tio mexeu no ralinho do banheiro e achou, só que já estava morto”.
Entre crises de falta de ar e picos na pressão arterial, foram sete dias até o chef de cozinha perceber alguma melhora nos sintomas. “Comecei a mexer os dedos esses dias e ainda sinto muita dor. Eu nunca pensei que um bichinho tão pequenininho daquele ia atrapalhar a minha semana inteira”.
Nas redes sociais, moradores das proximidades também atestam o aparecimento dos aracnídeos nas residências. A página @perdizes_digital no Instagram alertou os seguidores sobre o caso.
“Vi na feirinha do Jardim das Perdizes na semana passada”, diz um dos relatos na rede social. “Um apartamento do prédio onde moro encontrou um no fim de fevereiro. O condomínio providenciou dedetização, mas tivemos muita dificuldade em acionar os órgãos pertinentes”, afirma outra pessoa.
Moradores dizem que a presença dos animais pode estar associada a um terreno abandonado no fim da rua Palestra Itália, além do lixo nas ruas, que segundo eles, têm atraído baratas, principal alimento dos escorpiões.
Camila Prado, médica do Centro de Controle de Intoxicações da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) explica que nos casos de picada, o indicado é a vítima procurar o serviço de emergência o mais rápido possível.
“O cuidado deve ser maior com crianças, principalmente aquelas com menos de 10 anos, pois são as mais suscetíveis a ter quadros graves. Então deve ser avaliado se tem alteração no exame, na frequência do coração”, diz.
De acordo com o Ministério da Saúde, as picadas de escorpiões são a principal causa de envenenamento por animais peçonhentos. Em 2023, dos aproximadamente 340 mil acidentes registrados envolvendo esses animais, mais de 200 mil foram provocados por escorpiões —um aumento de 15% em relação ao período anterior.
Nas residências, são comuns nas saídas de esgoto ralos e caixas de gordura. “É um animal muito adaptável. Não é encontrado somente em regiões rurais. Ele encontra alimento, consegue se proliferar e sobreviver com bastante facilidade também no ambiente urbano, principalmente em locais que tenham entulho e a presença de insetos”, diz Camila.
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), disse que irá adotar as providências necessárias. A Subprefeitura da Lapa, segundo o órgão, realiza serviços diários de zeladoria na região.
“A Divisão de Vigilância de Zoonoses (DVZ) com um programa específico para monitoramento e controle de escorpiões, que inclui orientações preventivas, inspeções e busca ativa em locais com ocorrências. Os agentes visitam imóveis, terrenos e bueiros, realizando a captura dos aracnídeos e orientando os moradores”, informou o órgão em nota.
Enquanto a reportagem estava no local, agentes da DVZ vistoriaram bueiros, terrenos e estabelecimentos no entorno da rua Palestra Itália. Além disso, distribuíram panfletos com orientações em caso de picada.
UNIDADES DE REFERÊNCIA EM ATENDIMENTO NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
Hospital Vital Brazil / Instituto Butantan
Tipo de atendimento: Todos os tipos de acidentes por animais peçonhentos (inclusive escorpiões)
Endereço: Av. Vital Brasil, 1500 – Butantã
Telefone fixo: (11) 2627-9529
Orientação telefônica 24h:
(11) 3723-6969
(11) 2627-9529
(11) 2627-9530
Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio – Tatuapé
Regiões atendidas: Centro, Leste, Sudeste e Norte
Tipo de atendimento: Acidentes por escorpião
Endereço: Av. Celso Garcia, 4815 – Tatuapé
Telefone: (11) 3394-6980
Hospital Geral de Taipas
Região atendida: Norte
Tipo de atendimento: Acidentes por escorpião
Endereço: Av. Elísio Teixeira Leite, 6999 – Jaraguá
Telefone: (11) 3973-0444
Hospital Estadual Geral do Grajaú – Prof. Liber. John Alphonse Di Dio
Região atendida: Sul
Tipo de atendimento: Acidentes por escorpião
Endereço: Rua Francisco Octavio Pacca, 180 – Grajaú
Telefones:
(11) 3544-9444 – Ramais 415/218
(11) 94711-8758 (celular)
Hospital Campo Limpo / PS Hospital Municipal Fernando Mauro Pires da Rocha
Região atendida: Sul
Tipo de atendimento: Acidentes por escorpião
Endereço: Rua Teresa Mouco de Oliveira, 62 – Jardim São Luiz
Telefones:
(11) 3394-7556
(11) 3394-7492
Hospital Municipal Tide Setúbal
Região atendida: Leste
Tipo de atendimento: Acidentes por escorpião
Endereço: Rua Dr. José Guilherme Eiras, 123 – São Miguel Paulista
Telefone: (11) 3394-8770
Hospital de Parelheiros
Tipo de atendimento: Acidentes com jararaca, cascavel, coral, aranha-marrom, aranha-armadeira e escorpião
Referência para soros: Botrópico, Crotálico, Elapídico, Escorpiónico e Aracnídico
Endereço: Rua Euzébio Coghi, 841 – Jardim Roschel
Telefone: (11) 4673-9660
noticia por : UOL
