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Cuiaba - MT / 19 de abril de 2025 - 10:40

Rins por dinheiro: Por dentro de uma rede de tráfico de órgãos que vai do Quênia à Alemanha

Após decidir vender seu rim, Amon Mely foi apresentado a um intermediário que organizou seu transporte para o Hospital Mediheal na cidade de Eldoret, no oeste do Quênia. Lá, ele foi recebido por médicos indianos que lhe entregaram documentos em inglês, um idioma que ele não entende.

No processo, o jovem não foi informado sobre riscos à saúde do procedimento. “Eles não me explicaram nada. A pessoa que me levou apontou para outros ao meu redor e disse: Veja, todos eles doaram e estão até voltando a trabalhar.”

Após a operação, ele recebeu apenas 4 dos 6 mil dólares prometidos. Com o dinheiro – cerca R$ 23,3 mil – conseguiu comprar um telefone e um carro. Mas logo depois, sua saúde piorou. Amon se sentiu tonto e fraco e acabou desmaiando em casa. No hospital, sua mãe, Leah Metto, ficou chocada ao saber que o filho havia vendido o rim. “Eles estão ganhando dinheiro com crianças pequenas como Amon”, disse ela.

A história do queniano é uma entre muitas. Willis Okumu, pesquisador de crime organizado do Instituto de Estudos de Segurança na África, sediado em Nairóbi, conversou com vários jovens do município de Oyugis que lhe disseram ter vendido seus rins. A cidade fica a 180 quilômetros de Eldoret – onde os transplantes são realizados.

“De fato, isso é crime organizado”, disse ele. Okumu calcula que até cem jovens venderam seus órgãos só em Oyugis, muitos dos quais agora sofrem de problemas de saúde, depressão e trauma psicológico. “Acho que eles não chegarão aos 60 anos”, acrescentou Okumu, cujo trabalho sobre o assunto foi publicado em janeiro do ano passado no Enact, um projeto implementado pela Interpol.

Além de Amon Mely, a DW conversou com outros quatro jovens de Oyugis que dizem ter vendido seus rins por cerca de 2 mil dólares (R$ 11 mil). Eles relatam que após realizarem a própria cirurgia, os intermediadores lhes ofereciam para recrutar novos doadores por uma comissão de 400 dólares cada.

noticia por : UOL

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Cuiaba - MT / 19 de abril de 2025 - 10:40

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