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Cuiaba - MT / 1 de abril de 2025 - 6:08

50 anos do Aurélio, o último livro de Augusto de Campos e mais notícias literárias

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Augusto de Campos, o principal poeta brasileiro vivo, se despede dos livros de poesia com seu derradeiro “Pós Poemas”. Aos 94 anos, o autor diz em entrevista a Claudio Leal: “não dá mais pra mim”.

O livro de despedida preserva a poesia como o autor a compreende, um núcleo de mudança da vida e um vetor de interpretação do mundo. Ao mesmo tempo, continua se insurgindo contra as formas tradicionais do poema.

“Hoje, com raras exceções, a poesia que se faz não tem melos, não tem melodia. As pessoas não têm ouvido. A poesia engrena numa espécie de prosa recortada. (…) E a gente pode lembrar que o Pound dizia que ela se afasta da música quando vai deixando de ser poesia, vai virando prosa”, afirma o poeta, que também discute o cenário político de hoje, diante de um mundo repleto de “demonocracias”.

Tocador de gaita e tradutor ativo, Augusto acredita que “Pós Poemas” o deixa “quite com a vida”. “Hoje, quem faz 60 anos tem 50. Quem faz 70 tem 60. Quem faz 80 tem 70. Mas quem faz 90 tem 90 mesmo.”


Acabou de Chegar

“O Crematório Frio” (trad. Zsuzsanna Spiry, Companhia das Letras, R$ 89,90, 256 págs.) levanta a questão de como escrever o Holocausto. O livro publicado pela primeira vez na Iugoslávia em 1950 pelo jornalista József Debreczeni registra campos de concentração vividos em primeira mão, sem sentimentalismos. Mas, para o crítico Alex Castro, em meio a produções como o filme “A Vida É Bela” e o livro infantil “O Menino do Pijama Listrado”, os fatos relatados em “O Crematório Frio” já soam banalizados.

“Vida, Velhice e Morte de uma Mulher do Povo” (trad. Luzmara Curcino, Âyiné, R$ 119,90, 320 págs.) mistura olhar biográfico, literário e sociológico do autor Didier Eribon, que relata a internação de sua mãe em uma clínica de repouso para idosos. O livro traz as emoções vividas pelo próprio escritor, como a angústia, a vergonha e a culpa, enquanto “abre conexões que reconstituem a dificuldade de ser idoso numa sociedade pautada pelo louvor à jovialidade do corpo”, como escreve o crítico Ronaldo Vitor da Silva.

“Catorze Dias” (trad. Marina Vargas, Rocco, R$ 94,90, 384 págs.), mais que um livro, é uma empreitada literária escrita por 36 autores com o objetivo de arrecadar fundos para uma instituição que apoiou escritores americanos na pandemia de Covid-19. O romance colaborativo, organizado por Margaret Atwood e Douglas Preston, narra vizinhos de um mesmo prédio vivendo a época do lockdown. Para a crítica Luisa Destri, a obra é forte em suas afirmações contra o horror e a banalidade, mas fraqueja em qualidade literária.


E mais

Oito contos de Harper Lee que estavam perdidos foram localizados por sua família e chegarão ao Brasil pela Record, como conta o Painel das Letras. A ampliação repentina de catálogo surpreende, já que Lee tem apenas dois livros publicados. Um deles é o best-seller americano “O Sol É para Todos”.

“Eu me fiz diferente do que estaria condenado a ser pelo lugar na sociedade e no tempo que me coube existir neste mundo”, afirmou o ator Pedro Cardoso à repórter especial Fernanda Mena, dizendo que se recusa a ser um homem branco. Ele acaba de lançar um livro independente, “Dias Sem Glória” (Barraco Editorial, R$ 50, 120 págs.), escrito em parceria com o jornalista negro Aquiles Marchel Argolo. A obra reúne 29 crônicas sobre o racismo estrutural, a branquitude brasileira e o fundamentalismo de grupos evangélicos.

Os livros recém-lançados “Dono das Palavras”, em que o neto de um dos mais importantes líderes indígenas do Alto Xingu narra a vida do avô, e “Ardis da Arte”, sobre a lógica dos objetos de arte indígena, devolvem o protagonismo de suas próprias narrativas aos povos originários do Xingu. O jornalista Rafael Cariello destaca esses títulos por romperem com a tradição de retratar os indígenas apenas como o outro, mesmo nas histórias sobre eles.


Além dos Livros

O dicionário Aurélio faz 50 anos, chegando à sua quinta década com a “constatação de que os dias de glória passaram”, como escreve o colunista Sérgio Rodrigues. O léxico de Aurélio Buarque de Holanda já foi referência para consulta geral, mas hoje perde espaço para as buscas rápidas da internet. Apesar da queda em vendas, porém, o Aurélio se mantém relevante pelo prestígio que conquistou logo em seu início, considerado a primeira grande obra de referência para o idioma português no Brasil.

Em 1955, quando ainda era iniciante, Gabriel García Márquez foi incumbido de escrever para um jornal a respeito de um naufrágio e seu único sobrevivente. Mesmo a contragosto, Márquez mergulhou no caso e produziu uma série de 14 reportagens, que tornaram o jornal um sucesso de vendas. Para a jornalista Sylvia Colombo, essa coleção de textos permite visualizar a formação do grande autor que Gabo viria a se tornar.

De 2010 a 2020, multidões foram às ruas em diversas partes do mundo para exigir mudanças que nunca se concretizaram. O jornalista americano Vincent Bevins, que analisa o período em um novo livro, chama essa era de “década de revoluções perdidas”. Segundo o repórter Diogo Bercito, o autor sugere que os protestos não conquistaram seus objetivos e, em muitos casos, resultaram no oposto do que almejavam. As manifestações de 2013 no Brasil fazem parte desse fenômeno.

noticia por : UOL

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