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Cuiaba - MT / 12 de fevereiro de 2025 - 5:43

Cessar-fogo por um fio: Israel e Trump dão ultimato ao Hamas sobre reféns


Donald Trump dobra a aposta e dá prazo para que reféns sejam libertados pelo Hamas, que anunciou a suspensão das libertações na segunda-feira (10). Netanyahu afirma que vai retomar ataques em Gaza se Hamas não libertar reféns no sábado
As tensões no acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas continuam escalando, agora sob uma nova ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump.
Após lançar um plano de tomar posse e reconstruir Gaza, Trump agora afirmou que o cessar-fogo deve ser cancelado se os reféns mantidos pelo Hamas não forem libertados até o meio dia do próximo sábado (15), um ultimato endossado por Israel.
“O inferno vai explodir”, disse o presidente americano a repórteres nesta terça-feira (11). “O Hamas descobrirá o que quero dizer.”
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No último sábado (8), o Hamas libertou três reféns israelenses de Gaza, e Israel libertou 183 prisioneiros palestinos, como parte do acordo.
O governo de Israel, no entanto, chamou a atenção para o estado dos prisioneiros, muito magros, abatidos e “famintos”, segundo disse o presidente israelense, Isaac Herzog.
A próxima libertação de reféns estava marcada para o próximo sábado, com outros três israelenses sendo entregues, mas o Hamas surpreendeu enviando uma mensagem pelo Telegram, na segunda-feira, avisando que suspenderia a libertação de mais reféns israelenses “até novo aviso”.
O Hamas justificou a suspensão acusando Israel de “atrasar o retorno de pessoas deslocadas ao norte de Gaza”, “atingindo-as com bombardeios e tiros em várias áreas da Faixa” e de violar o acordo sobre suprimentos de ajuda.
Em resposta, Israel acusou o Hamas de uma “violação completa do acordo de cessar-fogo e do acordo para libertar os reféns”.
O repórter da BBC Wyre Davies escreveu, de Jerusalém, que o anúncio do Hamas, embora não tenha feito referência a Trump, pode ter sido uma forma de responder às propostas controversas do presidente americano para o futuro de Gaza.
Nesta terça-feira, após a escalada das tensões, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, endureceu o discurso e endossou Trump, afirmando “indignação com a situação chocante” dos três reféns libertados no sábado.
“Todos nós também acolhemos a demanda do presidente Trump pela libertação de nossos reféns até o meio-dia de sábado, e todos nós também acolhemos a visão revolucionária do presidente para o futuro de Gaza”, afirmou Netanyahu.
“A decisão que aprovei por unanimidade no gabinete é esta: se o Hamas não devolver nossos reféns até o meio-dia de sábado, o cessar-fogo será encerrado, e as IDF [Forças de Defesa de Israel, nas siglas em inglês] retornarão à luta intensa até que o Hamas seja finalmente derrotado.”
Netanyahu durante coletiva à imprensa na Casa Branca, após encontro com Trump
Jim Watson / AFP
Na semana passada, em uma entrevista conjunta com Netanyahu na Casa Branca, Trump sugeriu que seu país poderia “assumir” a Faixa de Gaza e reerguer o território palestino até ele se tornar a “Riviera do Oriente Médio”.
O americano afirmou que vislumbra a suposta tomada do território pelos EUA como uma ocupação a “longo prazo”.
“Possuir aquele pedaço de terra, desenvolvê-lo, criar milhares de empregos. Vai ser realmente magnífico”, afirmou Trump.
Ele sugeriu também que os palestinos poderiam ser levados para fora de Gaza enquanto o território fosse restabelecido, indicando o Egito e Jordânia como possíveis destinos.
A proposta foi recebida com indignação e repúdio por líderes palestinos e países árabes em geral.
Netanyahu afirmou, por sua vez, que os planos de Trump são uma ideia “que vale a pena se prestar atenção”.
“Acho que é algo que poderia mudar a história.”
Ainda na segunda-feira, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, classificou a atitude do Hamas de uma “violação completa ao acordo de cessar-fogo e do acordo para libertar reféns”.
Katz ainda afirmou que o exército israelense está preparado para “qualquer cenário possível” em Gaza.
A escalada das tensões coloca o acordo de cessar-fogo em uma “crescente pressão”, como escreveu Paul Adams, correspondente diplomático da BBC.
Adams lembra que as negociações sobre a fase dois do cessar-fogo ainda não começaram. “Na esteira da insistência do presidente Trump de que todos os palestinos devem sair e que os EUA pretendem assumir e reconstruir a Faixa de Gaza, o Hamas pode estar se perguntando o que há para negociar.”
“É muito cedo para dizer se esse processo cuidadosamente negociado e encenado está prestes a entrar em colapso — como muitos previram que aconteceria — mas, após um início majoritariamente positivo, ele está sob crescente pressão.”
“Para os palestinos, a perspectiva é assustadora”, escreveu Yolande Knell, correspondente da BBC para o Oriente Médio. “E as famílias dos reféns israelenses, que realizaram protestos em Tel Aviv na segunda-feira a noite, estão em crescente angústia”.
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Trump dobra a aposta
Donald Trump, presidente dos EUA
REUTERS/Kevin Lamarque
A ameaça ao acordo de cessar-fogo feita pelo Hamas não fez com que Donald Trump recuasse sobre seus planos para Gaza. Pelo contrário.
O correspondente da BBC em Washington, Tom Bateman, escreveu, após uma entrevista coletiva de Trump na tarde desta terça-feira, que o presidente americano está “dobrando a aposta sobre duas coisas”.
A primeira, escreve Bateman, é sobre a ideia que envolve forçar cerca de dois milhões de palestinos a saírem de Gaza “antes que os EUA se tornem a potência ocupante para transformá-la em um resort no Mediterrâneo”.
A segunda é sobre o prazo estabelecido por Trump – meio-dia de sábado – para o Hamas libertar todos os reféns restantes ou “todas as apostas estão canceladas”.
Trump falou com jornalistas no Salão Oval da Casa Branca, durante um encontro com o Rei Abdullah da Jordânia.
Bateman relata que Abdullah sentou-se, muitas vezes “parecendo desconfortável”, enquanto Trump reiterava suas propostas. Elas envolvem derrubar décadas de política estabelecida dos EUA sobre Israel e os palestinos e equivaleriam a uma clara violação do direito internacional, que proíbe a transferência forçada de populações.
Trump foi desafiado por um repórter sugerindo que seu plano para Gaza era uma limpeza étnica.
Ele contornou isso, dizendo: “Mudaremos eles para um lugar lindo onde eles tenham novas casas, onde possam viver com segurança, onde terão médicos e assistência médica e todas essas coisas. E acho que vai ser ótimo”.
O rei jordaniano, por sua vez, foi questionado sobre sua posição diante da ideia da tomada de Gaza por Trump.
“Vamos esperar até que os egípcios possam vir e apresentar [um plano] ao presidente [Trump]”, disse, acrescentando que ele precisa analisar o que é do melhor interesse de seu país, a Jordânia.
O Rei Abdullah disse que os líderes regionais se reunirão na Arábia Saudita “para discutir como podemos trabalhar com o presidente e com os Estados Unidos”.
O saldo até agora
Palestinos passam pelos escombros de edifícios destruídos, em meio ao cessar-fogo entre Israel e o Hamas, na Cidade de Gaza, em 6 de fevereiro de 2025.
REUTERS/Dawoud Abu Alkas/Foto de arquivo
No último sábado, quando o Hamas libertou três reféns israelenses de Gaza, e Israel libertou 183 prisioneiros palestinos, o acordo de cessar-fogo estava sendo cumprido, com as libertações feitas aos poucos.
Os três israelenses — Eli Sharabi, Ohad Ben Ami e Or Levy — foram entregues à Cruz Vermelha, com um oficial do Hamas e um representante da Cruz Vermelha assinando a documentação em um palco.
Preocupações foram levantadas mais tarde sobre sua saúde, com a família de Sharabi descrevendo seu choque com sua aparência “magra”.
O presidente israelense, Isaac Herzog disse, que os homens estavam “retornando após 491 dias de inferno, famintos, emaciados e doloridos”.
Enquanto isso, dos 183 prisioneiros palestinos libertados, sete foram internados no hospital em Ramallah devido a problemas de saúde, como informou o Clube dos Prisioneiros Palestinos à imprensa.
“Todos os prisioneiros que foram libertados hoje precisam de cuidados médicos, tratamento e exames como resultado da brutalidade a que foram submetidos durante os últimos meses”, disse Abdullah al-Zaghari, do Clube.
Até o momento, 16 reféns israelenses foram libertados, e centenas de prisioneiros palestinos. O acordo da primeira fase do cessar-fogo previa que 33 israelenses deveriam ser libertados.
Israel afirma que dos 17 prisioneiros que ainda não foram libertados, oito estariam mortos.
Cinco cidadãos tailandeses também foram liberados pelo Hamas, sob um acordo separado.
Como parte do acordo de cessar-fogo, Israel disse que libertaria cerca de 1.900 prisioneiros palestinos — centenas foram libertados até agora.
Paul Adams afirma que Israel tem suas próprias suspeitas sobre a lógica por trás do atraso ameaçado pelo Hamas. “O espetáculo de reféns emaciados sendo libertados no fim de semana levantou temores de que o Hamas pode não querer que o mundo veja outros em condições ainda piores.”
“É muito cedo para dizer se esse processo cuidadosamente negociado e encenado está prestes a entrar em colapso – como muitos previram – mas, após um início majoritariamente positivo, ele está sob crescente pressão.”
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Fonte: G1

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