A história da migração do Vale do Rio Doce para os EUA começou em meados do século 20, mais precisamente nos anos 60, e está baseada no surgimento do “sonho americano” segundo os especialistas. Moradores da região, incluindo de Governador Valadares, estimulados pela “propaganda da prosperidade”, foram para os Estados Unidos em busca de melhores oportunidades de vida, esses pioneiros abriram caminho.
A tradição migratória da região leste de Minas Gerais se consolidou ao longo das décadas. Rafael Moreira explica que fluxos migratórios se estabelecem quando redes de apoio se formam. “Quando um grupo de pessoas chega a um país de destino e estabelece redes de suporte, torna-se mais fácil para novos migrantes se inserirem”.
Larissa Salvador acrescenta que a falta de empregos e os baixos salários na região impulsionaram a busca por oportunidades nos EUA. “O movimento foi sendo replicado ao longo das gerações, especialmente para Massachusetts e Flórida”.
Se antes a migração era dominada por trabalhadores braçais, hoje há um novo fluxo de qualificados. Moreira observa que, nos anos 1980 e 1990, predominavam trabalhadores com pouca qualificação. “Hoje vemos um aumento de profissionais de tecnologia e empresários”. Salvador complementa que “há mais brasileiros com ensino superior e famílias inteiras que migram já planejando a regularização do status migratório”.
Momentos de crise no Brasil elevam a migração para os Estados Unidos. Moreira explica que o fluxo migratório responde à conjuntura econômica e às políticas dos EUA. “Quando os Estados Unidos estão em crescimento e receptivos, mais brasileiros tentam a vida lá”. Salvador recorda que a hiperinflação dos anos 1980 e a recessão de 2014-2016 aumentaram a migração. “Mesmo com barreiras rígidas, a alta do dólar e a falta de oportunidades no Brasil continuam incentivando a saída de brasileiros”.
Dividindo famílias
Regras mais rígidas podem dividir famílias e afetar a economia mineira. Moreira destaca que muitas famílias migram em etapas, mas mudanças nas regras impedem a reunião de parentes. “A redução das remessas financeiras afeta pequenos municípios que dependem desse dinheiro”. Salvador aponta que “a separação forçada de famílias gera traumas e desestruturação emocional, agravada por experiências de deportação”.
noticia por : UOL