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Cuiaba - MT / 31 de janeiro de 2025 - 0:46

Um gadget que informa se você está pegando pesado demais

Se eu usasse relógios, correria com algo no pulso a registrar não exatamente meu tempo, ou ritmo, mas meu esforço.

Claro que velocidade, distância, tempo e pace são marcadores interessantes, mas a quantidade desprendida de esforço (ou energia), que varia bastante em função de altimetria, vento contrário, cansaço acumulado e outros fatores, parece-me a métrica das métricas.

Conhecer a energia desprendida é muito útil para quem pratica corridas de resistência e enfrenta descidas e subidas, em que é difícil saber quando se está a pegar pesado demais –o pace já não servirá aqui para nada.

Pois bem, há tempos existem aparelhos capazes de medir o esforço e, por conseguinte, determinar um limite a ser observado ao longo da prova. Excedê-lo pode implicar desistência ou, menos grave, quebra de ritmo.

A treta chama potenciômetro, ou pedômetro, e utiliza uma unidade de medida vulgarmente conhecida, o watt. Ele é composto por diversos sensores, vários acelerômetros, que se servem dos movimentos do pé em seus vários eixos para calcular aceleração e desaceleração –em tempo real.

Um pequenino pod, afixado sobre um dos tênis, transmite esses dados, recebidos por um relógio inteligente ou celular. Opera com IOS, Android, o pacote todo.

(Talvez seja interessante você contratar uma equipe de auditores, pois a numeralha não parará de mudar, e provavelmente haverá coisas mais interessantes do que seu pulso para ver no entorno.)

O tuga Hugo Barreto fez o belo tutorial abaixo sobre o Stryd, talvez o mais interessante desses produtos. A Garmin também está no jogo.

O potenciômetro é bastante familiar aos ciclistas, mas ignorado em geral por corredores e treinadores de assessorias de corrida. Mas é justamente para estes que ele parece matador, já que o esforço desprendido por cada corredor em seus movimentos difere enormemente. Essa variação é menos sentida nas bikes: a pedalada é um movimento necessariamente circular, bem mais ritmado.

O fundador de uma grande assessoria de corrida me disse que o gadget não pegou no Brasil porque: a) é caro (o Stryd custa cerca de US$ 200 na gringa, o equivalente a R$ 1.180); b) os treinadores não sabem trabalhar com ele.

Mas, segundo me contou o médico Marcos Cruvinel, hoje radicado nos Estados Unidos, naquele país “vários treinadores prescrevem o treino baseado em potência, como no ciclismo”.

Cruvinel é, como ele mesmo diz, um “fã” dessa “muleta”, pois ela informa o “máximo que dá para ir sem passar da conta”. O médico já esteve aqui mesmo nesta Folha, falando de uma de suas corridas medidas em “watts” para um dos antigos titulares deste espaço, meu parça de cascalho Sérgio Xavier.

Como dá para intuir, Cruvinel leva a sério tempo e performance em maratonas, sua prova de eleição. Ele disse como foi correr a mara de Nova York de 2018 com um Stryd, guiando-se pelo esforço.

“O início foi frustrante, todo o mundo me passando. Tinha a nítida sensação de que poderia correr bem mais rapidamente. […] Não demorou muito, e o que era fácil foi ficando mais difícil, até ficar dificílimo”, afirmou.

“Não fosse ter ajustado o plano e a paciência na primeira metade, teria quebrado miseravelmente. Ao final, cruzei a linha de chegada com aquela sensação maravilhosa de ter feito o meu melhor. Nem 1 watt a mais, nem 1 watt a menos.”


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noticia por : UOL

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Cuiaba - MT / 31 de janeiro de 2025 - 0:46

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