De acordo com uma estimativa preliminar dos danos, o custo do incêndio na costa oeste americana varia de US$ 52 a US$ 57 bilhões (R$ 317 a R$ 347 bilhões). De acordo com uma estimativa preliminar dos danos, o prejuízo causado pelo incêndio na costa oeste americana varia de US$ 52 a US$ 57 bilhões (R$ 317 a R$ 347 bilhões)
Getty Images via BBC
De mais vegetação até brasas levadas pelo vento, a equipe da BBC Earth analisa por que os incêndios de Los Angeles têm sido tão intensos e crescido tão rapidamente.
As chamas se espalharam a uma velocidade assustadora. Quando os moradores do bairro de Pacific Palisades, a oeste de Los Angeles, começaram a ver a fumaça subindo das colinas em frente às suas casas na manhã de 7 de janeiro, o incêndio já tinha cerca de 4 hectares de tamanho.
Em 25 minutos, o fogo cresceu e cobriu uma área de mais de 80 hectares (cerca de 112 campos de futebol de tamanho oficial) e, nas horas seguintes, se espalhou, destruindo casas, teatros, restaurantes, lojas, escolas e comunidades inteiras.
LEIA MAIS
Bombeiros de Los Angeles correm contra o tempo para controlar chamas em meio a retorno de fortes ventos
Incêndio em Los Angeles: fogo avança para nova área residencial, com casas de famosos como Schwarzenegger e LeBron James
FOTOS e VÍDEOS mostram pior incêndio da história de Los Angeles
Na madrugada do dia 9 de janeiro, o incêndio em Palisades já havia coberto uma área de cerca de 6.900 hectares e, com os outros incêndios que ocorreram na área de Los Angeles, tornou-se uma das piores queimadas florestais já registradas na história da cidade, segundo o meteorologista chefe da AccuWeather, Jonathan Porter.
De acordo com uma estimativa preliminar dos danos, o custo do incêndio varia de US$ 52 a US$ 57 bilhões (R$ 317 a R$ 347 bilhões).
Por que os incêndios foram tão intensos e cresceram tão rapidamente? Listamos cinco explicações.
Mudança no vento está espalhando o fogo na Califórnia
1. Crescimento rápido de material combustível
A vegetação fornece combustível potente para incêndios florestais
Getty Images via BBC
Acredita-se que um período de fortes chuvas em 2024 associado ao El Niño tenha causado condições de alto risco de incêndios neste inverno.
Muitas vezes pensa-se que a chuva é considerada algo ruim para incêndios. E se chove durante um incêndio, isso é ruim para o fogo”, diz Rory Hadden, pesquisador de ciências do fogo na Universidade de Edimburgo.
Mas a chuva antes de um incêndio pode significar muito crescimento de vegetação, que então se torna combustível em potencial.
“E então você entra em um período de clima mais seco, e então essa vegetação seca muito, muito rápido, e há mais dela. Então há mais acúmulo de combustível.”
O período de clima chuvoso em 2024 seguido por um período mais seco produziu as “condições perfeitas para a propagação de incêndios florestais”, disse a cientista de incêndios florestais Maria Lucia Ferreira Barbosa, do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido, em um comunicado.
Essa mudança de um clima muito úmido para um muito seco é conhecida como “chicote hidroclimático”. Um estudo recente descobriu que o risco de chicotadas hidroclimáticas aumentou de 31% a 66% globalmente desde meados do século 20.
2. Ventos de Santa Ana com efeito de “secador de cabelo”
Os ventos quentes e secos de Santa Ana sopram fortemente do deserto da Califórnia, levando fumaça para o mar
Getty Images via BBC
Os incêndios também foram alimentados por uma forte tempestade de vento.
Ventos fortes fizeram com que as chamas que começaram nas encostas das montanhas a oeste de Los Angeles se transformassem em um incêndio florestal de rápida propagação, que se espalhou pela vegetação já seca até engolir o bairro de Pacific Palisades, perto de Santa Monica.
Os ventos geralmente são quentes e secos, o que permite extrair mais umidade da vegetação.
“(Com) todos os incêndios florestais, você precisa de três coisas: algum tipo de ignição, algo para queimar e um pouco de oxigênio do ar”, diz Hadden. “Mas o que tornou esses incêndios tão incríveis foi a velocidade dos ventos vindos do centro do deserto da Califórnia.”
Eles são conhecidos como ventos de Santa Ana ou Föhn e podem fazer com que incêndios florestais se comportem de forma errática.
“Esses ventos são muito, muito secos. Eles se movem muito, muito rápido, então, assim que um incêndio começa, é muito fácil para ele se espalhar e crescer muito, muito rápido”, diz Hadden.
“Vimos ventos de mais de 160 km/h. Claro, isso faz as chamas aumentarem e que os incêndios se espalhem rapidamente pela paisagem, de onde quer que tenham começado.”
Em alguns casos, essas tempestades de vento podem até ser a causa de incêndios, derrubando linhas de energia que incendeiam a vegetação próxima.
3. As chamas
Brasas, ou tições, são transportadas por ventos fortes e podem ajudar o fogo a saltar de um local para outro
Getty Images via BBC
Esses ventos não apenas atiçam as chamas e espalham o fogo pela natureza, mas também carregam brasas. Essas brasas, ou tições, são a principal causa de perdas estruturais em incêndios florestais, diz Hadden.
“Há coisas que atrapalham as chamas (como estradas ou prédios)”, diz Hadden. “Mas nada impede que essas brasas se movam.”
Os ventos levantam brasas da vegetação em chamas e as movem para frente.
Eles podem se espalhar por apenas alguns metros na frente do fogo, incendiando novos materiais, ou podem até mesmo saltar vários quilômetros de uma vez, causando novos incêndios a alguma distância.
“Há relatos de que essas coisas viajam dezenas de quilômetros e pousam em rachaduras ao redor de uma casa, talvez em alguma vegetação ornamental, e começam a queimar as casas”, diz Hadden.
“Se uma única brasa incendiar uma única casa, os bombeiros poderão apagá-la. Mas o problema é que muitas vezes dezenas de casas são incendiadas simultaneamente por essas brasas, e cada casa gera muito mais brasas”, diz Hadden.
“Então há uma espécie de efeito dominó.”
Além de causar danos materiais, as brasas também são extremamente perigosas para as pessoas em seu caminho.
“Foi como um redemoinho de brasas, não havia oxigênio”, disse Alec Gellis à CBS News, parceira da BBC nos Estados Unidos, depois que a casa de sua namorada foi tomada pelas chamas. “Eu mal conseguia chegar até meu carro.”
4. As colinas e desfiladeiros onde ocorreram os incêndios
A topografia montanhosa da área de Los Angeles pode tornar os incêndios mais intensos
Getty Images via BBC
A paisagem montanhosa da área também aumenta o risco de incêndios florestais.
“Os incêndios se espalham extremamente rápido nas colinas”, diz Hadden. “Características geográficas como cânions e ravinas podem gerar comportamentos de incêndio muito extremos, difíceis, talvez impossíveis, de combater.”
Essa topografia não só aumenta o risco de propagação de incêndios, mas também dificulta a evacuação. Na área de Palisades, estradas estreitas nas encostas representam um desafio adicional para as pessoas que tentam sair.
5. Mudanças climáticas
Acredita-se que as fortes chuvas de 2024 associadas ao fenômeno El Niño contribuíram para a intensidade dos incêndios
Getty Images via BBC
Embora seja muito cedo para determinar se e em que medida as mudanças climáticas contribuíram para esses incêndios, elas têm sido associadas ao agravamento das grandes queimadas florestais em todo o mundo.
O número de dias em que o clima cria um alto risco de incêndio está aumentando, e as mudanças climáticas estão tornando essas condições mais severas, diz Matt McGrath, da BBC News.
O risco não é tão simples quanto o mundo ficar mais quente, diz Hadden. Isso também tem a ver com a gama de extremos que estamos vendo.
“É o clima mais quente, mas também é combinado com condições de vento mais extremas e eventos de chuva mais extremos que permitem que a vegetação cresça. Então, estamos navegando nessa grande mudança não apenas com um clima mais quente e seco, “mas também mais úmido e ventoso, e tudo o mais que se junta de uma perspectiva climática. É isso que definirá o risco no futuro.”
source
Fonte: G1